Defensoria identifica homem preso ilegalmente por dois anos em Alagoas

A manutenção irregular do cárcere teria acontecido em decorrência da ausência da tarja de “réu preso” no sistema do Judiciário

Mais de dois anos preso por um crime pelo qual foi condenado a um ano de reclusão, com direito a responder em liberdade. Esta foi a situação constatada pelo defensor público Marcelo Barbosa Arantes, na última sexta-feira (7), ao reanalisar o processo de um assistido, durante etapa do programa Defensoria no Cárcere.

Diante da irregularidade, o defensor público solicitou, imediatamente, liberdade para o assistido junto à Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Alagoas, que a concedeu nesta terça-feira, 11.

De acordo com o Desembargador Washington Luiz, relator do recurso de apelação ainda pendente de julgamento sobre o caso, provavelmente a ausência da tarja “réu preso” no processo teria contribuído para o erro.

O homem, hoje com 29 anos, foi preso em flagrante em abril de 2019, por furto simples, tendo permanecido preso até hoje, pelo mesmo crime. Ele foi sentenciado a um ano de prisão em agosto do ano passado, mas tinha direito a aguardar o julgamento do seu recurso em liberdade.

Segundo o defensor Marcelo Arantes, apesar de o juiz que proferiu a sentença, na cidade de Arapiraca, interior do Estado, ter determinado a expedição de alvará de soltura, tal ordem não foi cumprida pela secretaria da vara onde tramitou o processo. “Além disso, o próprio juiz parece não ter observado que o réu estava preso por ordem sua, tanto que mandou intimá-lo sobre a sentença por edital, que é um expediente meramente formal usado quando as pessoas não são encontradas para serem intimadas. Acontece que o réu estava preso durante todo esse tempo, nada justificando esse tempo de cárcere absolutamente ilegal”, finalizou.

Defensoria no Cárcere

Iniciada em março deste ano, a atual etapa do Programa Defensoria no Cárcere já constatou diversas situações de prisões irregulares, como casos em que o preso respondia a processo pertencente a outra pessoa, cujo nome era semelhante, como também de presos que possuíam alvarás de soltura ou já tinha direito à liberdade, dentre outros.

O programa é uma iniciativa institucional, criada para promover a defesa de direitos das pessoas privadas de liberdade com a reanálise de processos criminais, objetivando combater a superlotação carcerária e fiscalizar as condições de encarceramento.

Com: Assessoria

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