Mulheres no volante: segurança constante

Conheça três mulheres que dirigem profissionalmente em Maragogi.

Edijane Braga Caetano, Jennifer Silane Bernardo e Solemar Sousa Vasconcelos – o que essas mulheres têm em comum? Exercem uma profissão pouco explorada por mulheres. Elas são motoristas profissionais. Edjlane começou numa Van de transporte alternativo e hoje dirige um micro-ônibus. Jennifer trabalha durante o dia como bugueira e, à noite, no caminhão que faz a coleta do lixo da cidade de Maragogi, e Solemar é bugueira há décadas.

Edijane Braga, única mulher a conduzir uma Van no município.

Edijane é motorista profissional autônoma desde 2005. Casada, 36 anos e mãe de dois filhos, conta que no início sofreu muito preconceito entre os colegas homens por ser a única mulher a conduzir uma Van de 15 lugares fazendo o trajeto Maragogi / Peroba.

“Mas isso foi lá no início, hoje todos me admiram e me apoiam”, comemora a evangélica que se veste de maneira discreta no dia a dia. E se orgulha de nunca ter arrumado confusão no trânsito. “Durante o tempo em que dirijo, aconteceu simplesmente uma encostadinha da traseira do carro do parceiro, mas foi coisa banal.”

Jennifer, ou Jane, como é chamada, também é casada, mas não tem filho. Dirige há nove anos. Profissionalmente, há seis. Vaidosa, não dispensa um batom de cor vibrante na boca. Na hora de escolher uma roupa, prefere as confortáveis, sem perder, jamais, a feminilidade.

A encorpada morena conta que, às vezes, o fato de ser mulher e estar ocupando um espaço destinado aos homens, faz existir algumas “rixazinhas”, que o seu profissionalismo cala, supera. Em toda sua trajetória à direção, também nunca causou um acidente. E como toda pessoa que opta por um trabalho fora dos padrões, esbarrou no tal do preconceito, pois o machismo ainda impera em qualquer campo profissional. Mas isso foi lá no início, quando dirigiu um ônibus no trânsito caótico da cidade de Recife durante três anos.

Jennifer dirige o caminhão de coleta d lixo em Maragogi.

“Agora recebo muitos elogios, principalmente quando encontro outras mulheres no meu percurso de trabalho, que sonham em aprender a dirigir, e eu incentivo para que aconteça. E fico feliz quando hoje escuto dos homens: desenrolada! A mulher pode fazer o que quiser, ser o que quiser, é só querer. Não existe trabalho para homem ou trabalho para mulher: existe simplesmente trabalho.”

Solemar, a Sol, que “brilha em Maragogi” (brinca a animada bugueira), é viúva e mãe de quatro filhos. “Lindos e inteligentes, com suas vidas independentes, depois de muita luta para que eles tivessem estudos e uma profissão de onde pudessem tirar os seus sustentos”, comenta. Com seu estilo jovial bem peculiar, não abandona seu “uniforme”: jeans e camiseta (“por viver nesse clima maravilhoso”). Ah, igual a Jennifer, adora um batom, no momento escondido pela máscara, como ela bem frisa.

Dirigindo há mais de 35 anos, 30 deles realizando passeios comerciais de buggy pelas paradisíacas praias de Maragogi e litoral norte, escutou muitas piadas quando “se atreveu” a inserir seu buggy rosa entre os de “cores viris” dos machões.

“Tirei de letra com o meu bom humor!”, relata a alegre Solemar. “Consegui impor esse respeito, me posicionando de maneira a lhes mostrar que estávamos trabalhando, e que cada um tem o seu espaço, dando o seu melhor para satisfação do cliente/visitante.”

Extremamente zelosa, tem um cuidado redobrado em seus passeios. “O bugueiro não é apenas o condutor. A partir do momento em que ele pega o turista no hotel, pousada ou qualquer ponto de partida, ele passa a ser responsável por tudo que acontecer com ele durante o percurso”, diz Solemar. “E esse profissão ganhou visibilidade graças a nós, pioneiros, que enfrentamos todas as dificuldades, sem apoio nenhum para que essa profissão se expandisse e fosse o sustento da minha e das famílias de todos os bugueiros”, desabafa.

Solemar, prestígio na profissão que escolheu.

Solemar faz parte da primeira Associação de Bugueiros de Maragogi (ABM), desde a criação e preparação do estatuto, para que a associação existisse e conquistasse o seu lugar de destaque no turismo de Maragogi.

Há seis anos, Solemar resolveu abrir as portas de sua casa para receber turistas, transformando-a num hostel. “Administro e organizo tudo, dando o meu melhor, fazendo pelo meu hóspede tudo que gostaria que fizessem comigo e por mim. Acompanho cada detalhe do café-da-manhã, passando pela arrumação e higienização dos quartos. A família coopera.”

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