Geralmente, um governo é marcado por algum legado. As pessoas no futuro verão uma obra memorável (concreta) e dizem, com orgulho: foi o gestor tal que fez. Foi no governo de fulano que foi construída.
Então, vai a pergunta: qual legado deixa Sérgio Lira?
As esculturas dos cabanos?
Sérgio Lira herdou um governo ruim, totalmente caótico, o do Henrique Peixoto. (Que até esse deixou um legado: o asfalto das ruas centrais de Maragogi). Entre o mais devastador, o salário atrasado do funcionalismo. Daí, qualquer coisa que um governo seguinte fizesse, já sairia como salvador da pátria.
Sérgio Lira organizou a casa. Cumpriu com a obrigação de manter o pagamento em dia (até novembro, infelizmente, sujou-se no fim do mandato: deixou servidores de alguns setores sem receber o mês de dezembro). Em contrapartida, negou o pagamento dos precatórios do pessoal da Educação.
Sérgio Lira tirou o Município do CADIN – Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal, que é um banco de dados no qual estão registrados os nomes de pessoas físicas e jurídicas em débito para com órgãos e entidades federais. Mas ele tinha que fazer isso. Com o “nome sujo”, Maragogi estaria impedido de receber convênios federais, por exemplo.
Na Educação, se melhorou a estrutura física, não tem do que se orgulhar da qualidade de ensino: deixa a Educação Básica com um percentual de apenas 32,4% de alunos alfabetizados, ocupando a vergonhosa 84ª posição entre os municípios alagoanos. E o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) das escolas municipais variou entre 4 e 5, não atingiu sequer a média, que é 6.
Na Saúde, construiu quatro ou cinco postos e ofereceu mais serviços médicos à comunidade. Mas sai com a Unidade Pronto Atendimento (UPA) em estado de decadência: faltam insumos há meses e os aparelhos de ar condicionado estão quase todos sem funcionar. No posto de São Bento, inaugurado duas vezes, também não tem aparelho de refrigeração, não concluiu a sala de odontologia, falta água, insumos, materiais de limpeza e a geladeira de vacina não conserva adequadamente.
Vale salientar que em seus governos vieram as maiores verbas para o setor, durante a pandemia da Covid-19.
A infraestrutura com certeza é o pior setor. Nos primeiros quatro anos de governo, nomeou um secretário invisível. Não solucionou nenhum problema herdado, aliás, já deixado bem lá atrás, em seus dois primeiros governos. Permanece a falta de água (ah, é problema da Verde Alagoas), quedas constantes de energia elétrica (ah, é com a Equatorial). Mas quem luta para assumir a direção de um município, não se torna responsável pela manutenção do mesmo? O gestor não tem a obrigação de cobrar melhorias das empresas responsáveis e dar uma satisfação à sociedade? Ou a comunidade que se vire?
Além disso, o município cresceu desordenamente. Os problemas de enchente se agravaram, o trânsito em alta temporada se torna caótico, os pedestres não têm por onda andar, e sofre com problema de estacionamento – exatamente tudo que estamos vendo agora, no final do ano. Igualzinho há anos e anos passados.
O que Sérgio Lira prometeu fazer e não fez
A revitalização da orla. Maior cartão postal da cidade é a maior vergonha turística. Profissionais de alto gabarito, com estudos até internacionais, elaboraram projetos e projetos, sempre exibidos em coffee break de hotéis, cujas despesas foram e são pagas com dinheiro público – leia-se: nosso dinheiro. Nada saiu do papel. O que vimos, foi um agravamento da situação: permissão de cercas para estacionamentos privados na areia da praia, permissão de invasões, permissão de “bares improvisados’, e a consequente destruição das restingas. Lanchas, amontoados de cadeiras, carrinhos velhos, ambulantes a torto e a direita etc, tudo isso faz parte do cenário “paradisíaco” (o que nos salva é a natureza, que foi bondosa com Maragogi).
Casas para o pessoal do alto dos sonhos. Aquelas famílias foram expulsas da construção abandonada de um hotel e foram jogadas ali pelo gestor, que lhes garantiu que só ficariam ali por três meses. Que lhes daria moradia. Passaram-se 8 anos e nenhuma casa lhes foi dada. Detalhe: como o terreno que ocupam (por trás do Fórum, no alto) não pertence a prefeitura, não podem construir uma casa sequer de taipa. Vivem em barracos de madeira e lona. Já sabemos o que acontece no inverno…
Destruiu a praça de eventos.
Prometeu fazer ciclovia. Não fez.
Prometeu asfaltar as estradas da zona rural. Não asfaltou.
Prometeu uma academia (Academia da Cidade) no aterramento de um manguezal (crime ambiental), por trás do condomínio Eurico Wanderley. Não construiu.
Prometeu um campo de futebol na cidade de Maragogi. Não fez.
Prometeu barracas padronizadas para os comerciantes da Praça de Alimentação. Até criaram lindas barracas virtuais. Mas não passou disso. Também ameaçou retirá-los dali e colocá-los num local mais apropriado. Saiu e eles continuam no mesmo lugar, do mesmo jeito.
Começou a rodoviária e não terminou.
E o propagado centro de convenções, não foi colocado um tijolo. Só há a placa e o terreno.
Etc. etc.
Talvez o maior legado que Sérgio Lira deixa tenha sido se vestir de Papai Noel (na verdade, uma fórmula de marketing para suavizar sua imagem antipopular) e desfilar num carro alegórico pela orla da cidade. Aliás, o desfile, aliado à ornamentação, foram as maiores expressões, os maiores expoentes da cultura em seus 8 anos de governo. Uma mistura de 7 de Setembro, carnaval fora de época e escola de samba no Natal.