Energia sobe tem valor aumentado em 19,88% em Alagoas

Economista analisa que reajuste é desnecessário, pois a Região Nordeste produz energia elétrica acima do que consome

Fazer uma simples vitamina, ou mesmo aquecer um prato no micro-ondas vai ficar ainda mais caro a partir desta terça-feira (3). Mais um item vai pesar no bolso do povo alagoano. Desta vez será a energia que sofrerá reajuste médio de 19,88%. O acréscimo na conta de luz atinge a todos os segmentos de consumidores, residencial, empresarial e a indústria, o que deverá provocar um efeito cascata com mais aumento em vários outros produtos e serviços que dependem do consumo de energia elétrica.

Para a economista Luciana Caetano, o aumento na conta de energia é o preço da privatização. “Quando se coloca o monopólio estatal nas mãos da iniciativa privada é inevitável o abuso de preço. A Região Nordeste produz acima da demanda de consumo, isso significa que esse reajuste é desnecessário”, afirmou a economista.

Luciana disse que analisando contas dos últimos 24 meses, entre maio de 2020 e 2022, e com consumo acima de 100 kw e inferior a 120kw, o aumento da tarifa de energia elétrica ficou em torno de 43%. “Quem recebe de um a dois salários mínimos não consegue pagar a conta. Itens como energia, combustível e água são produtos que contaminam toda cadeia produtiva e cada vez que sobem, os demais produtos sobem também. Imagine um salão de beleza, um secador ligado constantemente, o impacto disso na conta de energia”, disse ela.

O cabeleireiro Paulo de Tarso disse tenta manter os mesmos preços praticados já há algum tempo, como forma de superar os efeitos da pandemia de Covid 19 para o setor, mas diante do novo reajuste de energia fica difícil, e terá que ajustar os valores de alguns serviços. “Estamos saindo de uma pandemia, que foi um momento de muita dificuldade. Com esse reajuste não temos como segurar a mesma tabela de preços para todos os serviços. Vamos repassar ao cliente, o mínimo possível. A nossa intenção é alterar apenas os preços dos que dependem de energia, a exemplo de escovas e cortes masculinos, que necessitam de máquinas”, afirmou o profissional.

Outro ponto que contribui para um maior consumo de energia no salão, segundo Tarso, é a utilização constante do aparelho de ar-condicionado. “Nós usamos muitos equipamentos que aquecem o ambiente, e para mantermos o conforto do cliente não temos como deixar de usar o ar-condicionado. Já pensamos inclusive, na possibilidade de colocar energia solar”, ressaltou o cabeleireiro.

Energia solar

Com relação ao uso de energia solar, a economista Luciana Caetano salientou que não existe clareza sobre uma possível taxação futura. “Hoje o uso de energia solar tem efetividade baixa. Eu suspeito que se houvesse 50% da população com um projeto individual de energia solar, provavelmente o governo estaria buscando novo modo de regulamentação, de modo a tributar de forma muito pesada esse consumidor. A gente não sabe como isso vai ficar no futuro e me parece também, que não é muito viável para quem tem um consumo baixo de energia”.

Valter Marçal é morador do Bairro da Ponta Verde e disse que apesar de passar o dia todo fora de casa, considera sua conta de energia bastante alta. “Hoje minha conta de energia custa cerca de R$ 200, que acho muito elevada, pois passo o dia inteiro fora de casa e também não ligo ar-condicionado. Com o reajuste creio que deva ficar R$ 40 mais cara”. Marçal lamentou ainda, o fato que o reajuste da energia deve impactar vários outros produtos. “Tudo deve ficar ainda mais caro, tornando-se também mais difícil de honrar as contas. Um reajuste de energia vai implicar em aumento de vários outros itens”, disse ele.

Por meio de nota, a Equatorial Alagoas afirmou que as novas tarifas passarão a vigorar a partir do dia 3 de maio e fazem parte de um processo conduzido pela Aneel, agência responsável por definir anualmente e manter atualizado o valor das tarifas das concessionárias de energia elétrica em todos os estados da federação.

Conforme a nota, os itens que mais impactaram a correção foram os encargos do setor elétrico, os altos índices de inflação e os custos com a compra de energia, sobretudo durante a escassez hídrica, quando foi necessário acionar termelétricas, que geram energia a partir de fontes mais onerosas, como petróleo, carvão mineral e gás natural.

A nota afirmou ainda que, do percentual reajustado, apenas 3,46% fica com a distribuidora Equatorial Alagoas para operar e manter todo o sistema elétrico do estado e fazer os devidos investimentos necessários para melhoria da rede elétrica. Segundo a concessionária de energia alagoana, os encargos setoriais levam 14,73%, o transporte -2,64% e 4,33% vão para a compra de energia.

Reajuste atinge 1,2 milhão de consumidores da Equatorial no Estado

O reajuste tarifário anual de 2022 da Equatorial Alagoas Distribuidora de Energia S.A atinge 1,2 milhão de unidades consumidoras em Alagoas.

No processo, foram adotadas medidas para a redução do efeito tarifário, com destaque a compatibilização dos financeiros da Bandeira de Escassez Hídrica que resultou em um impacto de -13,08% e o diferimento da Rede Básica que possibilitou um impacto de -4,22% no efeito médio a ser percebido pelos consumidores.

Os valores foram impactados, especialmente, pelas despesas relacionadas às atividades de compras e distribuição de energia, além de custos com encargos setoriais.

Tribuna Independente

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