Infectologistas se preocupam com aglomerações das festas privadas

Réveillons privados lotados de pessoas tendem a causar maior disseminação da doença; Sesau silencia

A duas semanas para a chegada de 2022, a realização dos réveillons privados em Maceió preocupa especialistas da área de saúde, que pedem cautela aos organizadores e participantes devido a nova variante – ômicron – da Covid-19. Ressaltando que as festividades públicas que iriam ocorrer nos municípios alagoanos estão sendo canceladas, mas, em contrapartida, o Ministério Público Estadual (MP/AL) firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para a realização de festas particulares, mediante atendimento de exigências sanitárias.

Janeiro é apontado pelos especialistas como o mês em que se pode esperar uma onda mais acentuada de casos de Covid-19. Entre os motivos estão a flexibilização das regras de isolamento e as esperadas festas de fim de ano – eventos capazes de gerar aglomerações, que são um perigo para a proliferação do vírus.

De acordo com o presidente da Sociedade Alagoana de Infectologia, Fernando Maia, qualquer aglomeração é perigosa. Ele lembra que ano passado aconteceu exatamente isso: depois das festas, a explosão de casos.

“A variante Ômicron já provou ser muito contagiosa. Geralmente de forma leve, mas sempre há o risco de aumentar o número de casos. De modo que há sempre risco de disseminação maior da doença após eventos como esses que estão programados”, argumenta.

Para a infectologista, Luciana Pacheco, qualquer aglomeração é motivo de preocupação porque o vírus se transmite de pessoa a pessoa principalmente através das gotículas que saem da boca e nariz, quando se fala, tosse e espirra. “Então, essas ocasiões de aglomeração são propícias para a transmissão do SARS-CoV-2, independentemente de festas privadas ou públicas”, diz.

O impacto, segundo ela a infectologista, pode ser aumento de casos, principalmente em pessoas ainda não vacinadas adequadamente ou sem nenhuma vacina, que no caso de Alagoas corresponde a cerca de 20% da população com condições de receber a vacina.

“Com o turismo e aumento de viagens neste período, a introdução da variante Ômicron no Estado é inevitável”, crava.

A infectologista e diretora do Hospital da Mulher, Sarah Dominique, que está na linha de frente neste enfrentamento à pandemia da Covid-19, ressalta que a disseminação dessa variante, sobretudo em um momento de grandes festas, é um cenário favorável ao seu espalhamento.

“Se ela [a variante] terá poder de se estabelecer, só vivendo o dia a dia. Como a Delta não conseguiu fazer no Brasil o que fez em outros países, tenho esperança que a vacinação nos ajude a conter. Que o espalhamento poderá ocorrer com festejos, isso não resta dúvida. O Brasil precisa correr com a completude dos esquemas vacinais, liberar a vacinação para faixa etária pediátrica e incentivar a dose de reforço para os que estiverem com cinco meses da segunda dose”, opina.

SEGURANÇA MÍNIMA

O pneumologista e diretor executivo do Hospital do Coração de Alagoas, João Geraldo Houly, destaca que o cenário ainda exige prudência e que as medidas de segurança continuam em vigor. Para ele, as festas privadas precisam respeitar a segurança mínima necessária para sua realização.

“Embora essa seja uma doença que já tem dois anos, ainda existe muita coisa para conhecer. E diante dessas novas variantes, não temos como prever qual será o desfecho. Por isso, a orientação é prudência e um alerta para a importância da imunização com a dose de reforço”.

A reportagem da Tribuna buscou as secretarias Municipal e Estadual de Saúde para saber se as instituições se preocupam com a realização das festas privadas de final de ano em Maceió.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde, pontuou que assim como demais estruturas municipais, mantém os esforços para garantir a segurança sanitária da população e seguir as definições do decreto estadual, que é o instrumento normativo sobre as festas privadas em todo o estado. E que, para isso, intensificou a vacinação contra a Covid-19 e segue divulgando, por meio dos canais de comunicação, a manutenção das medidas de proteção individual não farmacológicas para prevenção contra novos casos de Covid-19 e a transmissão da variante ômicron.

“A Secretaria Municipal de Segurança Comunitária e Convívio Social [SEMSCS] atuará ainda nas vias públicas de maior movimentação da capital, incluindo festas privadas. A forma de atuação foi definida no Termo de Ajustamento de Conduta [TAC], celebrado com o Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL)”, diz trecho da nota.

SESAU SILENCIA

A reportagem tentou repercutir o assunto com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), que mais uma vez não retornou aos contatos e não deu respostas aos questionamentos.

Tribuna Independente

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