Quando se fala em Covid-19, os idosos pertencentes ao grupo de risco trazem grande preocupação para a sociedade e, principalmente, para seus familiares. O maragogiense, senhor Aloisio Lamenha Lins Bahia, mais conhecido como “Lela da Serraria”, aos 86 anos, foi diagnosticado com a doença.
Tudo deu início quando Lela começou a sentir febre e muitas dores no corpo. Após três dias, a família decidiu levá-lo à UPA Santo Antônio, localizada na região central de Maragogi. Na unidade de saúde, foi realizado um teste e seu resultado foi positivo para Covid-19. No entanto, apesar do diagnóstico, seu pulmão estava “limpo” e, após ser medicado, foi levado de volta para casa.
Segundo a filha do senhor Lela, Albanira Bahia, toda a família tomou medidas necessárias como cuidados com a higiene, isolamento, alimentação saudável e bastante atenção.
Os dias foram se passando e o senhor Lela começou a perder o apetite. Além da idade já avançada, sua família ficou ainda mais preocupada por ele pertencer a mais dois grupos de risco: hipertensão e diabetes. “Não foi nada fácil, primeiro por causa da idade dele, o nosso maior medo era ele ir e não voltar mais, a nossa confiança estava em Deus”, disse Albanira.
Ficando cada vez mais debilitado, os familiares decidiram novamente o encaminhar para à UPA da cidade e, em seguida, ele foi transferido para o Hospital Regional do Norte, no município de Porto Calvo.
Na unidade hospitalar, após realizar um raio-X, descobriu-se que no pulmão havia uma bactéria. O idoso então precisou ficar internado por aproximadamente doze dias no hospital.
Apesar da idade, felizmente, o senhor Lela foi reagindo bem ao tratamento e de acordo com os médicos que lhe atenderam, o idoso conseguiu se recuperar da Covid-19 graças à sua força de vontade. No dia treze deste mês, recebeu alta médica, deixou o hospital e retornou para o seu lar.
Trajetória de vida
Lela chegou a Maragogi aos sete anos de idade, com sua mãe, a dona Olívia, que na época era viúva, e seus seis irmãos. Com o passar dos anos, o senhor Lela começou a trabalhar na agricultura, com a plantação de arroz, tudo para poder sobreviver em uma época de muitas dificuldades.
O tempo foi passando e o senhor Lela decidiu fazer tamboretes – bancos de madeira utilizados como assentos. O idoso conta que na época era muito difícil fabricar, devido à falta de ferramentas necessárias. Mas nada de desistir, ele e seu irmão se juntaram e decidiram abrir a primeira serraria da família.
Mais tarde, no local onde funcionava uma casa de farinha, Lela abriu a sua própria serraria, que funciona até hoje. Mas não parou por aí. Em busca de cada dia melhorar sua condição de vida, o senhor Lela conseguiu um emprego na prefeitura da cidade como zelador, e em seguida foi nomeado diretor de estradas e rodagens.
Ao longo dos anos, decidiu se candidatar a vereador e exerceu o cargo durante três mandatos, sendo eleito presidente da Câmara. Além disso, dono de uma mente brilhante, o senhor Lela já escreveu vários poemas. E por ter vencido o Covid-19, escreveu um poema em agradecimento. Confira abaixo:
O meu Deus é o Deus onisciente
É o Deus Onipotente
Que me ama de verdade
É o Deus da mocidade
É o Deus também da velhice
É esse Deus que eu lhe disse
E para mim tem valor
É Ele quem me dá amor, na hora que eu mais preciso
Ele é o meu Deus vivo
Só a Ele dou louvor