Bily Dhow, o cara da calcinha vermelha

Entrevista provocativa com o cara que vem causando alvoroço em Maragogi
Bily bem à vontade, ostentando seu bumbum. Fotos: Josebias Jhoseph

Preconceitos à parte, é possível ser heterossexual e ter fetiche em usar calcinha, saia, salto alto, sem que isso afete sua sexualidade. Apesar de no senso comum ter-se uma visão bem menos flexível a respeito desses hábitos íntimos. Se o cara se sente bem, qual o problema? Afinal, a sexualidade humana é muito complexa. E orientação sexual (heterossexual, bissexual, homossexual etc.) não tem necessariamente a ver com as roupas que usamos.

Mas, por não ser uma prática usual (pelo menos que tenhamos conhecimento), Davi José da Silva, ou Bily Dhow, esteja atraindo tanta atenção nas redes sociais (seu número de seguidores aumentou significativamente nos últimos dias) e na vida real nas últimas semanas. O cara virou celebridade na região. Aos 33 anos de idade, corpo trabalhado em academia, esse maragogiense nato (que deixou de ser patrimônio exclusivo de Maragogi, hoje é figura de Alagoas e do Brasil) é de família evangélica, casado e (pasmem!) tem 7 filhos.

Bily apareceu de calcina vermelha pela primeira vez no desfile do Bloco das Virgens, no último Carnaval de Maragogi. Fez um sucesso danado. Mas como na festa do Rei Momo tudo, ou quase tudo, é liberado, levaram na gaiatice. A controvérsia e os holofotes ganharam luzes mais fortes quando ele resolveu assumir publicamente que às vezes usa cueca, sim, mas que prefere a peça íntima classicamente feminina. E exatamente por ser uma figura polêmica, escolhemos Bily Dhow para umas provocações.

MN – Foi devido ao sucesso no Desfile das Virgens que você resolveu tirar proveito da calcinha vermelha?

BILY DHOW – Não. Até porque já usava antes. Mas como vi que a galera aprovou a brincadeira e eu já queria mesmo assumir que usava, aproveitei a situação e deu no que deu.

MN – Quer dizer que já usava calcinha antes do Carnaval?

BILY DHOW – Sim. Tenho fixação por calcinha. (Gargalhadas) Sou o tipo de cara que me preocupo muito com minha parceira. Se minha parceira curte, eu vou curtir. Então já era um hábito de muito tempo antes do carnaval, só que ninguém sabia. Sempre fui um cara muito na minha. Era um segredo meu e de minha mulher. E no Carnaval – eu nunca tinha brincado Carnaval –, meu irmão me chamou e eu fui. E foi aquela bagunça saudável, porque foi uma surpresa para todo mundo. Os vídeos rolaram, muitos ficaram sem acreditar. (Gargalhadas).

MN – O que você acha de ser reconhecido hoje como “o cara da calcinha vermelha”?

BILY DHOW – Para mim, nenhum problema. Ao contrário, é demais! Me sinto até honrado. Eu não me importo com as críticas! De jeito nenhum! Podem falar o que quiser! Por quê? Porque sou o tipo de cara que tem segurança da sua sexualidade. Nunca tive dúvida de que sou hétero. Por isso não me importa a opinião de Seu A e Seu B.

MN – Então usar calcinha não é só mídia, como muitos podem pensar, é um fetiche?

BILY DHOW – Sim, é um fetiche. (Gargalhadas)

MN – O que as mulheres te falam sobre isso?

BILY DHOW – Recebo muitos elogios positivos, sem mentira. Que se tivesse uma bunda dessas, já estaria rica… Como eu aguento usar fio dental… (Gargalhadas) É questão de costume. Mas os comentários são sempre sobre a bunda, não sobre a moral. E ficam pedindo para tocar, para pegar.

MN – Qual a reação da sua mulher?

BILY DHOW – Mano, foi complicado no início. Daí conversamos e ela entendeu. Inclusive, já tivemos relações (sexuais) assim, eu vestido de calcinha, e ela gostou. Até hoje rola. E quer saber? Mulher nenhuma vai tirar de mim esse fetiche de usar calcinha. Ah, e não tenho só vermelha, tenho uma variedade de cores. (Gargalhadas).

MN – Como está sua vida depois da calcinha vermelha?

BILY DHOW – Muito corrida. Antes, quando era escondida, não tinha esse alvoroço.

MN – Você está sendo muito assediado? Como lida com os assédios mais abusados?

BILY DHOW – Sim. Virtuais e aqui mesmo no espetinho (Bily é proprietário de um espetinho no povoado de Barra Grande). Alguns são bem atrevidos, e tenho que ter muito jogo de cintura. Sempre peço para não tocarem (na bunda), porque é uma coisa que tem que respeitar. É para ser vista, não apalpada. Uma coisa sou eu dizer: fulano, você pode tocar. Então você vem e toca. Outra coisa sou eu brincar com você e você meter a mão de forma nada educada.

MN – Então só com sua permissão?

BILY DHOW – Sim, sim. Até porque aqui também recebemos pais com crianças e temos que saber respeitar as outras pessoas. O respeito tem que primeiro ir para depois voltar. Se ele vai e não volta, aí já é um problema da pessoa, e ela vai ter que arcar com as consequências.

MN – Já recebeu comentários preconceituosos?

BILY DHOW – Sim. Inclusive dentro da família. Mas, enfim, é tudo muito novo para a galera, porque, como eu disse, até então ninguém sabia. Era uma coisa bem particular. Também colegas que se davam bem comigo, hoje me olham atravessado, mas tudo bem. Por outro lado, existem pessoas que me defendem. Um exemplo: no setor de trabalho da minha irmã, tinha uma colega fazendo pressão psicológica em cima dela, minha irmã. E uma desconhecida, sem nenhum laço parentesco, me defendeu. Isso prova a compreensão e o carinho de algumas pessoas.

MN – Você parece bem tranquilo, bem seguro quanto à sua masculinidade, à sua heterossexualidade.

BILY DHOW – Sim, sou. Porque, se eu tivesse dúvida, eu estaria muito preocupado com o que pensam de mim, e jamais teria saído por aí mostrando a calcinha. Não me importo mesmo.

MN – Por que escondeu durante tanto tempo?

BILY DHOW – Receio da não aceitação, a começar pela família. Não que eu não aceite as críticas, todas são bem-vindas. Mas no que diz respeito à minha vida pessoal, respondo eu. Por isso aproveitei o carnaval, que é uma festa onde tudo isso é normal, tudo é brincadeira, e depois fui deixando a coisa acontecer aos poucos. (Risos) É a forma confortável que eu acho de andar. Às vezes eu uso cueca. Mas prefiro usar calcinha.

MN – E o OnlyFans? Vai sair mesmo?

BILY DHOW – Surpresa! Por enquanto, preferimos manter um certo sigilo. O que posso adiantar é que estamos trabalhando para isso. Inclusive já temos fotos e tal.

MN – Vai ter nudes total ou só fotos sensuais?

BILY DHOW – Todo tipo de foto. (Gargalhadas). Vamos atender aos pedidos dos assinantes.

MN – E vídeos?

BILY DHOW – Será? Vou deixar um ponto de interrogação. (Gargalhadas).

MN – O que você acha sexy nas pessoas?

BILY DHOW – Tudo que vem de dentro. Carinho, atenção. E isso independe de raça, corpo.

MN – Já fez sexo virtual?

BILY DHOW – Já. E recebo propostas diariamente, das mais diversas sexualidades. Mulher, homem, lésbica. Algumas vêm junto com comentários abusivos, que se tornam até chatos. Eu me seguro para não responder de modo grosseiro. Tenho que ser flexível, mas confesso que a insistência enche o saco.

MN – Você se sente confortável sabendo que sua bunda excita os homens?

BILY DHOW – (Gargalhadas) É ter cuidado para não sair sozinho por aí durante a noite. (Gargalhada geral). Teve um rapaz que veio aqui e começou a me tocar. Aí pedi para ele parar. Ele insistiu. Eu o desafiei a ir comigo a um motel. Disse: lá, o mais fraco se arrebenta. Ele recuou. Foi brincadeira com verdade, sabe?, mas funcionou e ele se aquietou.

MN – Qual sua maior fantasia sexual?

BILY DHOW – Calcinha! (Gargalhadas) Hoje o Bily Dhow virou um personagem. Embora eu use calcinha, considero o Billy um personagem. Então repito mais uma vez: a galera tem que respeitar o homem que está por trás dele.

MN – E como seus filhos lidam com tudo isso?

BILY DHOW – Meus filhos aceitam de boa. E me apoiam, até. Eu converso muito com elas, sou muito amigo de minhas filhas. Eu as preparo. Temos uma relação muito boa. Inclusive elas assistem a todos os meus vídeos. É legal a aceitação delas.

MN – Qual fantasia você tem e nunca contou para ninguém?

BILY DHOW – Só pela calcinha mesmo.

MN – Já participou de um ménage à trois?

BILY DHOW – Não. Já aconteceu de transar com duas mulheres. Casal, não.

MN – Você aceitaria o papel de escravo na cama?

BILY DHOW – Sim. Sou um cara que aceita tudo na cama. Deixo ser amarrado, gosto quando me batem na cara. Durante o sexo, claro! (Gargalhadas) Esse ritual me excita demais. O sexo, como tudo na vida, exige reciprocidade. E eu sou o menos egoísta possível. Você não tem que pensar só em você. Você tem que ser parceiro, não estar ali só por você. E sua parceira, como é que fica? Temos que ser sensíveis quanto aos desejos da parceira.

MN – Prefere sexo silencioso ou barulhento?

BILY DHOW – Barulhento, claro.

MN – Romantismo ou sexo brutal?

BILY DHOW – O mais selvagem possível. (Gargalhadas).

MN – Está sendo muito assediado por homens gays?

BILY DHOW – Muito, demais mesmo.

MN – E os gays da região, como têm se comportado? Dão muito em cima?

BILY DHOW – Sim, estou descobrindo pessoas que eu nem imaginava. Mas não vou citar nomes, é antiético. Só vou falar isso mesmo. (Gargalhadas).

MN – Tem recebido mais cantadas de mulheres ou de homens?

BILY DHOW – Na mesma proporção. E quando sinto falta, jogo uma nova foto, provocante, e eles(as) voltam. (Gargalhadas). Mas também recebo mensagens bacanas. Como a de um cara que estava entrando em depressão, por ingratidão de alguém. Ele disse que estou levando alegria para a galera, para a vida dele. Falou que saiu da profunda tristeza por conta dos meus vídeos. Não é legal? Ele se diverte – e a depressão foi embora. A minha diversão está trazendo alegria às pessoas.

MN – A receptividade está sendo positiva, então?

BILY DHOW – Sim. Por onde passo, a galera me para, pede para tirar foto, para mandar beijo para alguém. Esse carinho é muito legal. Ah, deixa eu anunciar uma novidade: vamos começar a confeccionar as minhas lingeries. As lingeries do Billy Dhow. Logo, logo, se Deus quiser.

MN – Já traiu?

BILY DHOW – Sim.

MN – Já foi traído?

BILY DHOW – Também. Traição não é só física, mas mental também, né?

MN – Qual foi a cantada masculina mais ousada?

BILY DHOW – Recebo muitos áudios, me pedem para mudar de calcinha, que está cansado de se mxstuxbax com aquela vermelha. (Gargalhadas). Mas não levo nenhuma para o lado emotivo, que permita que machuque meu coração. É só um personagem, então eu me divirto. Só isso.

MN – E a feminina?

BILY DHOW – Uma que se aproximou de mim, me abraçou e disse no meu ouvido que o sonho dela era transar com o Bily vestido de calcinha.

MN – Qual a mais engraçada?

BILY DHOW – Um rapaz que me manda diretamente mensagens no meu Instagram, revelando que a tara dele é lamber a sola dos meus pés. Vê que fantasia mais louca! E já adiantou: no dia que eu for aí no espetinho, vou realizar meu desejo.

MN – Já te ofereceram grana para transar?

BILY DHOW – Sim. Chegam até a perguntar os valores disso, daquilo. Mas nunca aceitei. Tenho uma pessoa do meu lado (esposa) que me completa demais mesmo. E eu sou hétero, eu curto mulher. A calcinha não quer dizer: O Billy Dhoe é vixdx. Algumas pessoas misturam as coisas. Mas daí não dou cabimento e fica tudo certo.

MN – Você já deu ou recebeu beijo grego?

BILY DHOW – Não.

MN – Mas tem curiosidade?

BILY DHOW – Vai depender da parceira, né, mano? Primeiro, o beijo grego não quer dizer que o homem seja gay. Porque o beijo grego é tão falado e tão escondido? Sabia que a “raiz” do pênis fica justamente bem próxima do ânus? Por isso essa região é uma zona de prazer, para muitos. É comprovado cientificamente. Então, se você analisar… vai entender.

Bastidores. O jornalista José Willamys entrevistando Bily Dhow.

(Segundo os especialistas, a região da próstata é considerada o ponto “G” dos homens, e seu estímulo pode implicar em orgasmos mais intensos e prolongados do que aqueles que ocorrem pela estimulação peniana. A próstata pode ser acessada através do reto, sendo localizada em sua parede anterior, em média a 10 centímetros da margem anal, esclarecem os especialistas.)

MN – Qual parte do seu corpo você acha mais sensual?

BILY DHOW – Minha bunda. (Risos).

MN – E do corpo da mulher?

BILY DHOW – A parte que ela usa a calcinha, que é o objeto que eu sinto mais txsãx. Para você ter uma ideia, eu transo com minha mulher vestida de calcinha. E ela nem invente de tirar essa peça íntima! Sou louco por calcinha! (Gargalhadas).

MN – Já vendeu, vende ou pensa em vender nudes?

BILY DHOW – Vamos vender através do OnlyFans.

MN – Já participou de suruba?

BILY DHOW – Prefiro não comentar o passado. Minha esposa é uma mulher muito fodx e eu a respeito demais.

MN – O que você faria com um homem se fosse mulher?

BILY DHOW – Não vou poder te responder essa pergunta. (Gargalhadas) A gente só sabe vivendo, né? (Mais gargalhadas). E se eu tiver outra vida, e puder escolher meu sexo, vou escolher ser homem de novo. Com essa bunda maravilhosa e desejada. (Altas gargalhadas).

MN – Já usou ou usa brinquedinhos de sex shop?

BILY DHOW – Não.

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