O governador Renan Filho (MDB) anunciou sua saída do Governo do Estado para concorrer ao Senado nas eleições de 2 de outubro. Após cerca de 7,5 anos à frente do Palácio República dos Palmares, o saldo é positivo, avaliam os cientistas políticos Luciana Santana e Ranulfo Paranhos. O setor produtivo e representantes da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), também consideram que a gestão emedebista foi excelente tanto na economia quanto na política.
“Ele [Renan Filho] termina esse esses 7,5 anos de governo com um saldo bastante positivo e gente consegue perceber avanços, especialmente, nas áreas de saúde, segurança pública, infraestrutura e no investimento em ciência e tecnologia. Investimentos em pesquisa científica, eu acho que faz diferença para mudanças, para as transformações necessárias como se tem de demanda em Alagoas. Então, hoje, Alagoas é muito mais confortável do que há dez, quinze anos atrás”, comenta Luciana Santana.
Ranulfo Paranhos também destaca o perfil de gestor de Renan Filho.
“Na gestão, é preciso olharmos o cenário de pandemia. E aí, eu acho que ele contou um pouco com a sorte. Renan Filho estava construindo hospitais num momento anterior à pandemia. E quando vem a pandemia, os hospitais são inaugurados. Foi um governo que construiu estradas, não teve greve e nem atrasou salários. Renan Filho conseguiu cumprir mais 50% de suas metas, especialmente na área da saúde”, pontua. “E no comparativo com o anterior, Teotonio Vilela Filho, o Renan Filho é um político mais moderno, que comunica mais. Isso causa diferença e também contribuiu para a imagem dele como gestor. O saldo está nas pesquisas de intenção de voto para o Senado”, completa Ranulfo Paranhos.
Mas para além do gestor, os cientistas políticos avaliam o comportamento de Renan Filho enquanto ator político. Para Luciana Santana, faltou, ao agora ex-governador, construir melhor uma candidatura para sua sucessão.
“Ele deveria utilizar melhor, e de forma mais precoce, o mandato para construir uma candidatura para sucedê-lo na eleição de 2022. A gente chega agora com apostas e incertezas sobre, efetivamente, o que vai ser desse processo eleitoral no que diz respeito ao Governo do Estado”, pontua. “Em relação ao Senado, que é o espaço a ser pleiteado por Renan Filho este ano, o legado positivo o habilita a ser um nome competitivo e com maior chance. Se nada de mais absurdo ocorrer na competição política, provavelmente, ele terá uma eleição tranquila. Mas em eleição, a gente nunca tem certeza, daí é preciso esperar para ver como isso vai se dar efetivamente”, completa Luciana Santana.
Já Ranulfo Paranhos, destaca o perfil partidário de Renan Filho. “Renan Filho se comportou como um político de partido, como um político que pensa enquanto partido e que busca agregar alianças – ainda que isso possa ter dependido muito do pai, o senador Renan Calheiros, que conduz o partido –, e ele colhe os frutos disso. É um político que manteve suas alianças e se manteve no mesmo partido. Essas estratégias políticas sofreram, acho, uma única grande derrota que foi não conseguir eleger o prefeito da capital. Não foi a primeira vez e o MDB já vem fracassando nisso tem algum tempo”, analisa. “Um exemplo desse comportamento é o caso de Luciano Barbosa que abandonou a vice-governadoria e se elegeu prefeito de Arapiraca. O MDB retira a ação na justiça e reconhece – e entende – como partido que os desgastes seriam maiores.
Nem todo político consegue se manter forte e pensar como partido durante tanto tempo”, completa Ranulfo Paranhos.
LÍDER
Para o líder do governo Renan Filho na Assembleia Legislativa, deputado Sílvio Camelo (PV), os 7,5 anos do emedebista no Palácio República dos Palmares “deixa um legado que demonstra que Alagoas tem condições de avançar sem depender de ninguém com inteligência, planejamento e trabalho”.
Setor produtivo cita avanços sociais e na economia estadual
A gestão de Renan Filho agradou o setor produtivo alagoano. Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA), José Carlos Lyra, a gestão que encerra agora foi “a melhor dos últimos 50 anos”.
“São melhorias em todas as áreas. Na Infraestrutura, na Educação e, principalmente, na Saúde. Os hospitais construídos são um avanço inegável. A escolha dos secretários foi decisiva, garantindo o sucesso das duas gestões”, afirma. “Me orgulha afirmar que José Renan Vasconcelos Calheiros Filho fez um governo de excelência”, completa o presidente da FIEA.
Já Kennedy Calheiros, presidente da Associação Comercial de Maceió (ACM), aponta o progressismo empresarial de Renan Filho como governador.
“Do ponto de vista do setor empresarial, indiscutivelmente, nós tivemos no governador Renan Filho um progressista, uma pessoa que visou cuidar do Estado, inclusive me surpreendendo pela pouca idade que tinha. Pode não ter acertado em tudo, mas mudou a feição das nossas estruturas”, destaca o presidente da ACM.
Kennedy Calheiros ainda ressalta a atuação de Renan Filho no combate à pandemia de Covid-19 e em outras áreas de atuação do governo.
“O investimento feito na saúde, um ano, há um ano e meio antes da pandemia, nos beneficiou muito, pois a gente estava preparado para encarar essa preocupação de toda população; A Secretaria da Fazenda liderou uma reestruturação da máquina pública, embora a dívida ainda seja muito alta; também tivemos avanços nas estradas, principalmente, com as duplicações que permitiram ao empresariado investir mais, pois sabe que vai escoar sua produção”, afirma.
“Outro ponto de destaque para o setor produtivo foi o da atração de novas empresas para o Estado, pois isso foi uma constante durante estes mais de 7 anos de gestão, pois só com a cadeia de geração de emprego e renda nós poderemos alcançar o desenvolvimento econômico e social que tanto sonhamos”, completa o presidente da Associação Comercial de Maceió.
Klever Loureiro assume o governo por 30 dias
O governador Renan Filho (MDB) se despede do mandato neste sábado (2), com um pronunciamento que será feito, por volta das 9h ou 10h, na Praça dos Martírios, no Centro de Maceió. Servidores comissionados estão sendo convocados nas secretarias estaduais para comparecerem ao local.
Nos últimos meses, Renan Filho teve uma agenda intensa de entrega de obras, equipamentos públicos, hospitais, estradas, assinatura de ordens de serviço, autorização de investimentos, dentre outras atividades que percorreram os municípios alagoanos.
Com a renúncia do governador, quem assume o comando do Estado durante 30 dias é o presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), desembargador Klever Loureiro. A posse do magistrado está agendada para ocorrer a partir das 15h, segundo informou a assessoria de comunicação do Poder Judiciário.
Loureiro assume o governo durante esse período porque o presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), Marcelo Victor, que está filiado ao MDB, partido de Renan Filho, vai disputar a reeleição. No entanto, o parlamentar está engajado com o governador para que os deputados estaduais elejam Paulo Dantas, parlamentar do MDB, para ser o “governador tampão”.
Pelas contas de Marcelo Victor e Renan Filho, Paulo Dantas vence a eleição com uma boa margem de votos. São 27 deputados estaduais que estão aptos a votar. Os parlamentares terão 30 dias exatos para definir o governador tampão.
Ainda na ponta do lápis, uma grande articulação feita pelo governador e pelo senador Renan Calheiros, garantiu 17 deputados de mandato aliados do governo para assegurar a eleição de Paulo Dantas.
SEGUNDA VEZ
Será a segunda oportunidade que Klever Loureiro assume o governo estadual. No início de dezembro do ano passado, o magistrado esteve à frente do cargo durante uma semana.
Tribuna Independente
