Moradores acusam fábrica de gelo de emitir gás poluente

Proprietário admite que houve vazamento, mas que foi rápido e o problema está resolvido

Moradores da localidade denominada Alto do Paraíso, localizada por trás de uma fábrica de gelo no povoado de Barra Grande, no município de Maragogi, denunciam o cheiro forte emitido pela fábrica. Segundo eles, o cheiro causa ardência nos olhos, queimação na garganta, e às vezes até prejudica a respiração. Relatam que no início do funcionamento da fábrica, esse cheiro era mais fraco, mas que ultimamente está insuportável.

“De um tempo para cá, não estamos mais aguentando”, desabafa Dona Mônica. “O cheiro forte do produto que usam lá está fazendo muito mal para a gente. Soltam por uma mangueira, e o produto fica no ar. Queima até os matos, os pés de frutas. E tenho criança de 2 anos em casa. Existem outros bebês aqui por perto. Se nós adultos sofremos, imagina as crianças! Estamos com muito do que esteja acontecendo com a gente por dentro.”

Outra moradora, Dona Maria, também se diz vítima dos mesmos efeitos. “Quando quebra ou ‘solta o veneno’, a gente fica capaz de morrer. Sai matando tudo, até os pés das plantas. Matou meu pé de bananeira, meu pé de palmeira. Queima as folhas. Um tempo desses passei quase um mês sofrendo de dor de cabeça. Minha vizinha tirou a mãe idosa depressa de casa, porque quase morria. Não suportamos mais.”

O proprietário da fábrica, Carlos Rafael, admite que realmente aconteceu um vazamento, num dia de domingo, que pegou a todos de surpresa. “Durou cerca de 20 minutos”, relata. “Na quarta-feira seguinte, teve outro vazamento. Então os meninos da produção já viram que não foi vazamento de gás, foi uma sabotagem em nossa máquina, de um funcionário nosso mesmo. Nós temos os funcionários de produção e os funcionários de vendas. Os funcionários de produção deixaram tudo ok, verificaram tudo. Só que tinha um esperto que estava indo e fechando o registro da água.”

Quando esse registro da água é fechado, o condensador para de circular e o tanque de gás entra em proteção, daí a válvula é acionada, e basta fechar o gás. Rafael também esclareceu que o órgão público municipal responsável esteve no local e realizou a vistoria. Ele explicou onde ocorreu o vazamento, e foi constatado ter sido sabotagem mesmo.

“Inclusive, o pessoal da prefeitura falou que na ocorrência constava como se nós tivéssemos produto contaminador jogado no solo. Só que verificaram e viram que não tinha produto nocivo nenhum”, garante o empresário. “Nesse vazamento de gás, cada válvula dessas custa 4 mil reais. Estou te falando valor porque realmente você precisa saber de tudo, e quem é que quer perder essa quantia por uma válvula? Então realmente foi coisa que aconteceu, não é ninguém que quer, não é ninguém que joga nada lá atrás. Foi um vazamento que já foi resolvido. E estamos só esperando agora verificar quem foi o causador. Tudo foi sabotagem para nos prejudicar.”

Nota da Secretaria de Meio Ambiente de Maragogi

“A Secretaria de Meio Ambiente recebeu uma denuncia de que a fábrica de gelo estaria emitindo algum gás que estava prejudicando e causando dano aos moradores das redondezas. Imediatamente, nossa equipe de fiscalização deslocou-se ao local e constatou que na verdade tratava-se de uma das válvulas de escape que estava desligada, fazendo assim com que a direção do escapamento estivesse sendo feita de forma ineficaz.

Contudo, o erro foi reparado imediatamente pela fábrica, que também descobriu o motivo da falha e garantiu que não voltaria a acontecer.

Não foi constatado nenhum crime ambiental, apenas falha no funcionamento do equipamento que foi devidamente concertado.”

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