César Lira: “Sérgio Lira tem todo o poder de decisão, desde que seja importante para o grupo político”

Nosso encontro com César Lira, superintendente do Incra em Alagoas, se deu no Assentamento Nova Jerusalém, durante a segunda semana da ação Incra Itinerante, que atendeu a várias famílias de assentados no município de Maragogi. Ali, num ônibus devidamente estruturado para esse fim, foram oferecidos, além de serviços de regularização e desbloqueio de famílias, entrega de Contratos de Cessão de Uso (CCU) e Títulos de Domínio e emissão do Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF).

Wilson César de Lira Santos é um advogado e agropecuarista de 45 anos de idade, natural de Maceió, casado, pai de dois filhos, um de 22 anos, que é acadêmico de Medicina e mora em São Paulo, e outro de apenas 1 anos e 8 meses. Fisionomia que expressa serenidade, bem articulado (fala com naturalidade, sem sintoma de tom teatral), César mostra o quanto herdou do DNA político da família cujo expoente máximo é o deputado federal Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados: o poder de persuasão.

À frente do Incra em Alagoas desde 2017, César exibiu números surpreendentes de seus serviços junto aos assentados do município. Revelou que já foram entregues cerca de 500 títulos definitivos para assentados de Buenos Aires, Nova Jerusalém, Itabaiana, entre outros do município de Maragogi, que viviam em situação irregular. “O percentual do Incra Alagoas hoje é de 980% a mais do que no período de 2010 até 2016”, explana César. “Conseguimos esse aumento extraordinário de 2017 até 2022, e o resultado nesses pontos que estamos tratando é esse.”

Incra Itinerante: César Lira fazendo entrega de título definitivo aos assentados do município de Maragogi. Fotos: arquivo pessoal.

A entrevista:

MN – O senhor é pré-candidato a prefeito de Maragogi?

César Lira – Não sou pré-candidato a prefeito. Exerço uma atividade aqui em Maragogi na Superintendência do Incra, que foi pedido a nossa manutenção. Claro, dentro do entendimento da nacional, como também com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e com base nesses números nos trabalhos que a gente vem desenvolvendo.

MN – Mas o senhor tem consciência de que seu nome é citado no meio político de Maragogi, não tem?

César Lira – Para mim, é motivo de satisfação. Mas hora nenhuma a gente disse que era pré-candidato, hora nenhuma a gente esboçou interesse em ser candidato. Fazemos parte do processo político, o que é natural. Mas a bem da verdade, a gente tem feito gestão, à frente de um órgão como o Incra, que há muitos anos não aparecia como destaque, principalmente num município como o de Maragogi. A gente é objeto de crítica e de elogios. Mas graças a Deus os elogios são maiores do que as críticas. Então, a gente vê como muita naturalidade as decisões do prefeito Sérgio Lira, que não à toa é gestor do município por quatro vezes, e portanto conhece demais a política de Maragogi. Todo passo que ele der, só nos resta concordar e acatar. Ele é o comandante maior da política do Maragogi. Então, ele sabe bem o que faz.

MN – Então o senhor nega que é pré-candidato nas eleições majoritárias de 2024?

César Lira – Sim. Vou continuar à frente do Incra até quando essa missão me for atribuída. O ano de 2024 será um ano em que teremos outros parentes, em outros municípios, e o Arthur vai se dedicar, vai manter diálogo com essa base, que é composta por mais de 40 prefeitos. E, claro, o Sérgio é um prefeito primo e aliado. Não temos o Sérgio apenas como prefeito de Maragogi. Temos o Sérgio como um primo mais velho, um médico bem conceituado, que a gente respeita desde sempre. Então o Sérgio tem toda a liberdade de escolha, de decisão, desde que seja importante para o grupo político.

MN – Por falar em Arthur, qual a influência do deputado Arthur Lira na política de Maragogi?

César Lira – O deputado Arthur Lira é meu primo, como é primo do prefeito Sérgio. A minha mãe, a mãe do Sérgio e o pai do Arthur são irmãos. Nossa família sempre teve uma participação muito grande e importante, eu acredito, um vínculo forte, pois manda ajuda para o município. Temos uma história a partir de João Lyra (ex-prefeito de Maragogi), desde Benedito de Lira, que é meu tio, pai do Arthur e tio do Sérgio. O Benedito foi senador, deputado federal, deputado estadual, mandou verbas para Maragogi em todos esses âmbitos. Do mesmo jeito do Arthur, que foi deputado estadual , é deputado federal e também sempre enviou e envia recursos para Maragogi. E se formos puxar os números de recursos do Arthur Lira junto à gestão do Sérgio, são números bem significativos. Sergio tem feito uma excelente gestão, graças à grande parceria com o Arthur. É inegável.

MN – Então o senhor confirma que o deputado Arthur Lira terá influência nas próximas eleições em Maragogi?

César Lira – Eu não vejo assim… O Arthur faz política em Alagoas e no Brasil. Tem um papel importante na política nacional. Conduz o parlamento, que tem 513 iguais. E ele é muito pé no chão, e muito inteligente. E, claro, é como estou dizendo, temos um entendimento, eu, Arthur, que o prefeito Sérgio Lira é quem é o dono do “botão” do voto em Maragogi. Ele tem que ficar tranquilo e tocar isso aí, desde que seja um entendimento que também satisfaça o grupo político, né? É natural.

MN – O senhor faria oposição ao atual governo?

César Lira – Não. Tenho um compromisso com Sérgio e o Arthur Lira. Além de políticos, somos parentes. Esse é o compromisso que temos. Aprendemos a fazer política de uma só forma. Ganhando ou perdendo, ficamos no mesmo barco. Esse negócio de estar com um pé aqui e outro ali, nunca fizemos. A nossa política é uma só. Para ganhar, estamos juntos, para perder, estamos juntos da mesma forma. Claro que ninguém é obrigado a fazer união, sabendo que nessa união pode cair em algum abismo. Mas esses alertas aí não sou eu que faço, quem tem que fazer são eles dois, que estão com mandato e que são os comandantes da base em Maragogi. E principalmente Arthur, que tem a base do estado. É o meu entendimento, é o meu ponto de vista, é o que temos conversado com o Arthur.

MN – Em recente entrevista, Sérgio Lira declarou que escolherá com seu grupo político o candidato a prefeito para ser seu sucessor, e que do candidato a vice ele não abre mão. Será uma indicação dele. O que o senhor pensa a respeito dos eventuais nomes?

César Lira – O grupo do Sérgio é um grupo homogêneo. Então ele sabe o perfil de cada um. Na verdade nem sei quem são. Na verdade quem ganha a eleição é o candidato majoritário e o grupo, com a ajuda dos eleitores, que é o povo. Então o povo tem que ser ouvido. O vice vai compor a chapa, então precisa ter densidade; é o meu ponto de vista. Mas politicamente a gente tem visto no estado de Alagoas, em Maceió, particularmente – dou um exemplo da capital –, houve uma junção na eleição passada, do atual prefeito com o governador do estado, e o candidato perdeu. Então a gente precisa combinar com o eleitor. Política é uma ciência dinâmica. Ontem foi uma coisa, hoje é outra. E assim sucessivamente, e Maragogi, como você bem colocou, é um município forte, pujante, que tem crescido, que tem uma economia aquecida, que hoje o Sérgio deixa a administração redonda. Vai ser coroado com os louros que merece, por ter feito gestões de erguimento no município. Então não vai ter nenhuma curva para que essa nave espacial chamada Maragogi possa ficar enganchada. Maragogi cresce em emprego, cresce em geração de renda, tem uma agricultura familiar, um campo muito forte, promissor. Mas, repito, os nomes precisam ter o aval do povo. É importante que o povo opine. O que temos visto hoje é uma guerra interna desnecessária – no meu ponto de vista –, agressões, falsas colocações, e isso não é importante.

MN – O grupo está dividido?

César Lira – Não diria dividido, mas essa gana por um destaque está sendo prejudicial. E espero que tenhamos eleições limpas. Quem tiver condições de assumir a posição de candidato, seja de um lado ou de outro, que possa fazer aquilo que o município de Maragogi precise. Ou que minimamente dê continuidade a isso que o prefeito Sérgio Lira desenvolveu até agora – ou até o ano que vem, né? Porque ele ganhou para ser prefeito até dezembro de 2024. Mas, talvez em dezembro deste ano, como ele anunciou, ele já deva querer comemorar junto o aniversário dele, na despedida. Mas o Sérgio é importante. Não é à toa que é um político que conseguiu quatro mandatos. Acredito que ele vai saber ou já sabe o que está fazendo.

MN – Mesmo o senhor dizendo que não é pré-candidato, caso o seu nome não seja indicado à candidatura majoritária pelo atual gestor, como o senhor receberá esse outro nome escolhido?

César Lira – Com toda naturalidade. Estou dentro de um projeto político. Não só de Maragogi. Nós fazemos parte de um grupo político, capitaneado pelo Arthur e por Benedito de Lira. Entendemos o que a movimentação política. E essa movimentação tem que ser feita pelo Sérgio. Claro, vai haver, até o desfecho dessas situações todas, alguns contratempos. Comigo, não. Venho desenvolvendo há muito tempo minha atividade naturalmente. Quanto mais batem, mais eu trabalho. Não tenho problema com isso. Muito pelo contrário. E trabalhamos e entregamos. Não tiro foto e divulgo o que não faço. Na verdade, evito até tirar foto. Entregamos resultados. É assim que fazemos política. Trabalhando em um só caminho. Ouvindo a opinião do grupo e daquele que é capitão do grupo, que aqui é o Sérgio. Temos que ouvir o prefeito Sérgio Lira. Se o Sérgio quiser ouvir o Arthur, é importante, é para o fortalecimento do próprio Sérgio. E tem o Wagner, que é meu primo, filho do Sérgio, que veio agora de uma eleição de deputado estadual, uma das mais difíceis do estado de Alagoas dos últimos anos. E o Wagner, novo, assumiu o compromisso com muita responsabilidade, e foi para as urnas para sua primeira eleição. Ou seja, temos muita coisa ainda para construir. O grupo político precisa ter ainda, aqui no litoral norte, um outro nome de destaque que não seja o Sérgio Lira, que já é destaque no estado todo, e é um dos grandes membros da política municipalista do país. Sérgio é fundador da Confederação Nacional dos Municípios. Isso é muito importante para o estado de Alagoas. E para nosso grupo político. Então, é com muita naturalidade, com muita tranquilidade que digo que só temos que apoiá-lo. Acredito que até agora, se ajudar não pude, atrapalhar também não atrapalhei.

MN – Qual a opinião do senhor sobre a oposição de Maragogi?

César Lira – Não tenho nenhum desentendimento com a oposição. Ao contrário, me relaciono bem. E minha educação é voltada para a obediência. Principalmente minha educação política. Nunca na minha vida desprezei nenhum adversário. Sou oriundo do esporte, sempre defendi a bandeira do meu estado, do meu país, competindo. E eu acho importante que cada um, em qualquer enfrentamento que a gente tenha na vida, respeite os dois lados. A oposição de Maragogi não é fraca. Ao contrário, é forte. E esse ajuste aí, quem vai ter que dar é quem vai operar a máquina. Essa oposição pode ser imbatível ou uma oposição que possa ser enfrentada por qualquer adversário que possa partir para uma vitória. Mas eu não desmereço hora nenhuma, nenhum adversário. Eu enfrentando ou não diretamente. Para se ter uma ideia, na eleição passada, todos os candidatos apoiados por nosso grupo político foram vencedores dentro de Maragogi. Ou seja, ganhamos em Maragogi e em outros lugares a gente perdeu. Mas aqui foi garantida uma vitória. Em que pese termos vistos aqui quem realmente pôde e se dedicou à eleição estadual recente em Maragogi e no estado. Então essa avaliação política tem que ser feita pelos mestres, pelos mentores dos grupos políticos. Estamos para acatar. Agora, desmerecer, eu particularmente, não desmereço nenhum adversário. Eleição é eleição, e tem que ser feita com responsabilidade. Os grupos precisam estar coesos, precisam estar com vontade de vencer, e não participar por participar, ou também não se comprometer. Vestir a camisa e cada um dá o seu máximo, porque eleição se ganha a cada dia. Então, para completa, temos uma oposição bem constituída e pode ser bem montada.

MN – Mas, digamos que em 20 de dezembro, Sérgio Lira anuncie o nome de César Lira como seu candidato a prefeito. Como o senhor receberia essa notícia?

César Lira – Também com naturalidade. Agora, é uma coisa que precisa ser conversado. Eu nunca fui conversado sobre política nem candidatura em Maragogi. E também nunca me coloquei para ser candidato aqui. Você não pode ser candidato de si. Você precisa ser candidato de um grupo que não pode ter arestas. É natural, como eu estou dizendo, já aconteceu em Maragogi, e o Sérgio tem, sim, a maestria de conduzir e agrupar. E espero que desta feita seja também do mesmo jeito. Mas, eleição, além de tudo, é conta. Hoje vivo num momento tranquilo da minha vida. Tenho um cargo que é muito importante. Um cargo que ganhou notoriedade, graças a Deus, a uma gestão retomada por nós. E temos essa missão. Se amanhã o deputado Arthur Lira, dentro dos cargos e dos órgãos, achar que eu deva migrar para uma outra posição, entre os cargos, estaremos à disposição. Se o grupo político, capitaneado nesse caso da pergunta, pelo prefeito Sérgio Lira, achar que devamos conduzir essa frente de batalha, também encararemos como uma missão. Graças a Deus vivo um momento da minha vida hoje de equilíbrio, de tranquilidade, de paz de espírito. Não estou para guerra. Sou de conversar, de dialogar, de trabalhar. Às vezes, as pessoas se espantam porque a gente faz muito e diz pouco. Mas esse é meu estilo. Eu não sou de estar com certas estratégias políticas porque não aprendemos a trabalhar desse jeito. Aprendemos a trabalhar, como eu disse, mostrando resultado e estando no mesmo barco, chegando ao horizonte ou naufragando. Não acredito em cobra de duas cabeças, não acredito em minotauros, não acredito em dragão, nem em cavalo voador. Acredito em trabalho, responsabilidade, em nome limpo, em serviços prestados, em condições de ir poder ter um enfrentamento, olho no olho das pessoas na rua, sem ter nenhum problema, sem ter nenhuma agressão, sem ter nada que lhe desabone, ou possa desabonar esse grupo político, que cada um pode conduzir ou será conduzido pelos capitães Sérgio Lira e Arthur Lira.

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