Vereador Fio: “Estou disposto a por fim à dualidade política dos últimos 30 anos de poderio político de dois candidatos”

De origem humilde, o vereador Fio, de 40 anos de idade, nasceu na zona rural do município de Porto Calvo, num sítio chamado Torrão, onde seu avô constituiu família. Aos 10 anos de idade, foi morar na cidade de Porto Calvo. Pouco tempo depois, foi residir no Rio de Janeiro, acompanhando a mãe, que havia se separado do seu pai. Assim que chegou lá, começou a trabalhar de Jovem Aprendiz. Ficou até os 22 anos. Nesse tempo, retornou a Porto Calvo de férias. Foi quando seu tio, Antônio Carlos, que tinha então uma casa em Maragogi, convidou-o, junto com sua mãe, para conhecer a cidade praieira. A casa se transformou numa das mais belas pousadas do município, a Jangadeiros.

Passado um mês, Fio voltou para sua cidade fluminense. Porém, já apaixonado por Maragogi, não conseguiu ficar mais no Rio por muito tempo. Pediu demissão do emprego, onde estava há dez anos, e voltou para cá, seis meses depois. Em Maragogi, casou-se com a advogada e empresária Elaine Carlos, sua prima, com quem tem três filhos: Alice, Antônio e Aline.

Pecuarista e empresário do ramo de turismo náutico, de hospedagem e receptivo, foi eleito vereador nas eleições de 2020. “Graças a Deus, primeiramente, e ao pessoal mais humilde, ao povão, que abraçou minha causa”, frisa Fio. “E hoje estou aqui defendendo as pessoas que mais precisam, que moram nas áreas de pobreza ou de extrema pobreza, que são os mais humildes, que sabem o que é passar fome.” Fio já declarou que é pré-candidato a prefeito de Maragogi nas próximas eleições de 2024, e não abre mão para ninguém. “Estou disposto a por fim à dualidade política dos últimos 30 anos de poderio político de dois candidatos”, desafia o empresário.

Nesta entrevista, Fio fala com convicção sobre os principais problemas do município, turismo, em erradicar a fome – que considera o mais grave deles –, e, claro, política.

MN – Antes de ser vereador, o senhor já tinha ingressado ou ocupado algum cargo político? 

Fio – Nunca. Nenhum cargo público ou político, apenas funcionário de uma empresa privada.

MN – Como está sendo a experiência de ser vereador?

Fio – Muito gratificante. É algo inovador para a gente que vem do turismo. Tive essa oportunidade de representar o povo maragogiense, especialmente aquele povo invisível, que temos na nossa cidade, aquele para o qual não existe política pública. Estou sempre ali, dentro da minha limitação de vereador, porque o vereador, infelizmente, depende do grupo. Um só não tem poder de decidir nada na Câmara. Então, as principais ações que eu faço hoje são individuais. Puxo para mim, como pessoa, como ser humano, e tento proporcionar diversas coisas que faltam na comunidade, onde reside o meu eleitor, que me colocou lá.

MN – No que se refere à sua atuação política, o que apresentou na Câmara em prol da sociedade de Maragogi?

FIO – Todos os meus atos até hoje foram em prol da sociedade; dos empresários, que alavancam, que carregam nossa cidade nas costas. Porque essa tarefa era para ser do poder público, mas, infelizmente, existe uma deficiência. Cobram-se muitos impostos, o que acaba sufocando os empresários, que é a classe que faz o turismo, que traz o turista. E quem divulga realmente o setor é cada pousadinha, hotel ou hostel, pequenos restaurantes, que fazem seu site e saem publicando. Chega aqui um influencer, o cara faz acordo com eles para divulgar Maragogi, divulgar o seu estabelecimento. Por isso estou sempre defendendo os empresários de Maragogi. Um dos meus principais atos foi lutar pela melhoria do saneamento, da nossa infraestrutura, que é o setor mais precário do município. Acho até que temos um dos piores serviços de infraestruturas do estado. Já fiz e encaminhei diversos requerimentos nesse sentido. Mas aquele que considero meu principal ato, que serve até para resumir minha missão como vereador, foi o projeto do aquaviário. Aquele que impedia que um parente do titular herdasse os efeitos do alvará. O viúvo ou viúva, ou filhos… Com a morte, se acabava tudo. A família não tinha direito. Então esse foi meu grande feito. Puxei a responsabilidade para mim. Pedi o apoio do Júnior de Barra Grande, e ele ficou junto comigo nessa luta. Convocamos a sociedade, a população, o povo compareceu ao plenário e fizeram revolução, que ficou na história da Câmara de Maragogi. Nunca havia tido um ato daquele, de dois vereadores conseguir ganhar dos nove. Se bem que nem posso dizer que foram apenas dois vereadores, foi toda a população que ajudou. Se tivesse sido somente eu e o Júnior, não tínhamos como reverter o quadro. Foi ali que os alvarás passaram de pessoa física para pessoa jurídica, transformando-se em empresa. Então agora funciona assim: se o dono dessa empresa morrer, passa para os herdeiros. Esse acordo foi feito entre a prefeitura e o Ministério Público. No fim, deu tudo certo.

MN – Por que o senhor quer ser prefeito de Maragogi?

FIO – Primeiramente, para fazer a melhor gestão desses 148 anos de Maragogi. Por isso peço a população de Maragogi só uma oportunidade. Vejam a festa do Dia dos Pais que eu fiz. Nunca ninguém tinha feito, e creio que foi a melhor festa que já houve em Maragogi. Segundo: quero ser prefeito para acabar com a fome, com a miséria do nosso povo, para cuidar da classe mais humilde, que é quem mais precisa. Como eu já falei aqui, pretendo dar vez aos invisíveis do nosso município. Aquele que mora no Deda Paes, no Alto dos Sonhos, na Rua de Trás, no Alto do Cuscuz, em São Bento, que mora em Ponta de Mangue, aqueles que vivem na zona rural, que é uma população mais escondida, vamos dizer assim, que por isso se torna mais difícil de a gente enxergar seus problemas sociais. Quero ser prefeito para isso, para fazer política pública séria, revolucionar Maragogi. E outra questão importante: capacitar esse pessoal. Mas o Fio prefeito vai ter como missão maior a erradicação da fome. É o que o meu coração manda. Quero dar comida e botar comida na mesa dos mais necessitados, porque tenho comigo que ninguém de barriga vazia consegue se capacitar, consegue trabalhar, não consegue fazer nada, nem dormir. Então, primeiro acabar com a fome, depois capacitar esse pessoal. Depois, levar saneamento básico, infraestrutura, dá dignidade. E vamos começar lá por dentro, com certeza; a mudança será de dentro para fora. Esses são os meus grandes sonhos. Sou de família humilde, vim de baixo, tive que sair da minha cidade para buscar melhoria pra mim, junto com a minha mãe. Em compensação, voltei mais experiente, mais estruturado. Se percorri esse caminho, é porque o meu município, na época, não dava condição de vida para a gente. E é o que eu vejo aqui em Maragogi, que é uma cidade rica de belezas naturais, uma das mais ricas do estado, mas ao mesmo tempo é a cidade que, eu acho, tem mais gente vivendo abaixo da linha da pobreza. Assim é Maragogi.

MN – Com quem o senhor faria aliança política e por quê?

FIO – A política de Maragogi é uma lepra, vamos dizer assim. Sofre um descaso de 30 anos, nas mãos dos mesmos gestores. É complicado a gente dizer com quem quer fazer aliança. Mas eu vou lhe dizer com quem eu faria aliança aqui. Faço aliança política em Maragogi com pessoas sérias, pessoas que queiram o bem da nossa cidade, pessoas que queiram acabar com a fome, pessoas que queiram dar a vez a quem não tem, que são os excluídos. Então, com essas pessoas que forem comprometidas com o bem de Maragogi, que queiram a melhora de Maragogi, eu faço aliança; caso contrario, infelizmente não dá. Porque eu hoje venho fazendo uma política séria, não sou envolvido em falcatrua nenhuma, daí eu não vou deixar de seguir meu caminho certo para seguir o caminho torto, de forma alguma.

MN – Faria aliança com o atual gestor de Maragogi?

FIO – Cara, é muito difícil, muito difícil. Não digo que não faria, mas é uma coisa quase impossível, quase impossível.

MN – Com quem não faria e por quê.

FIO – Com Marcos Madeira, de jeito nenhum.

MN – O senhor se considera um político socialmente consciente? O senhor tem conhecimento das nossas mazelas sociais, da nossa extrema pobreza, das nossas áreas de maior vulnerabilidade? O que pensa em fazer para melhorar a qualidade de vida, dar um mínimo de decência humana às pessoas que vivem nessas áreas mais carentes?

FIO – Como eu falei, meu grande sonho seria exatamente esse. Afinal, fui eleito por esse povo; pelos descamisados, sem querer ofender, pelo pessoal que não tem vez, não tem voz, invisível perante a sociedade de Maragogi. Sim, eu tenho consciência de todas essas dificuldades, essas mazelas que temos na nossa cidade, com o descaso, a falta de políticas públicas. Mas, como já disse, se eleito, trabalharei exatamente em cima desses problemas, em todas as áreas mais necessitadas, principalmente da zona rural do município, que no inverno ainda tem a dificuldade do acesso às outras localidades, sofrem em dobro. Pretendo fazer um mutirão, um plano de emergência para favorecer esse pessoal. O município tem recursos para isso, tem riqueza para isso, basta querer fazer. Buscaremos parcerias com quem for para mudar esse quadro aí. Vamos trazer do exterior, de bem longe, se for o caso, ou daqui mesmo, mas temos que correr atrás de ajuda, procurar deputado, tudo para acabar com as nossas misérias. Não é mais possível ver um irmão passando fome, todo dia pedindo uma cesta básica, e ficar de braços cruzados.

MN – Parente de um político local (que aliás está no poder) disse que o povo é “massa fácil de ser manobrada”. O que é mais fácil: manobrar ou convencer? 

FIO – Não concordo com esse pensamento. Primeiro, porque o povo não é animal, não é boi para a gente manobrar. Ninguém manobra ninguém. Tudo é na conversa. Temos que conversar. Ir até o homem, a mulher, o idoso, o jovem, conversar com ele, mostrar o melhor caminho.

MN – O senhor acha que esse cidadão chamou a população de gado?

FIO – (Rrrss) Estou dando só um exemplo. Se ele usou essa expressão é porque ele manobra, talvez goste de manobrar. Quis dizer que as pessoas não têm vontade própria. Se ele vê desse jeito, está classificando como tal. Mas eu acho que é o diálogo, a conversa, é o sentir, é ir às comunidades, aos locais, vê o que se precisa, e em cima disso aí, fazer reuniões e tentar melhorar. Se o cara está fazendo coisas erradas ali na comunidade, mostrar o caminho certo, tentar conscientizá-lo para ter uma comunidade melhor. Eu acho que é assim, através da conversa, do diálogo.

MN – Se confirmada sua candidatura a prefeito de Maragogi, quais serão suas propostas para as políticas públicas mais importantes do município? De que maneira arquiteta implementá-las?

FIO – Novamente, voltamos para a questão dos menos favorecidos. É como já falei, é contratar pessoas que entendam da área social, técnicos capacitados, e pegarmos o nosso dinheiro, que não é gasto na infraestrutura, que não é gasto também na educação, que não é gasto totalmente na saúde, pegarmos uma parte desse dinheiro e investir maciçamente em projetos sociais. É isso o que temos que fazer inicialmente. Temos uma cidade com contrastes sociais gritantes. Temos a orla e temos o Alto dos Sonhos; temos um aeroporto em construção e temos o Deda Paes quase do lado. É obrigação nossa trazer esse pessoal para a sociedade. E isso não é um projeto de dois, três anos, não. Em quatro ou cinco meses, trabalhando sério na área, resolvo esses problemas de Maragogi. Ou no máximo em um ano. Basta querer, dinheiro tem, isso eu garanto. Tem muito dinheiro, isso garanto como vereador. Temos aí um orçamento agora estimado, para o ano que vem, de 207 milhões de reais. Então é bastante dinheiro. A gente coloca contadores sérios para cuidar desse dinheiro, que é do povo, e dar ao povo o que ele merece: dignidade.

MN – Caso seja eleito, como pretende contribuir para superar os problemas de irresponsabilidade ambiental e dos vários tipos de violências?

FIO – As questões ambientais não são as maiores mazelas de Maragogi. A maior mazela de Maragogi hoje é a infraestrutura. A gente começa pela infraestrutura, porque sem infraestrutura o turista não volta para a cidade. A falta de infraestrutura atinge a todos; os da alta sociedade, os ricos, a classe média, a classe pobre. É um problema generalizado. A gente tem hoje esse marco do saneamento, que vem trabalhando com o objetivo de melhorar, mas ao mesmo tempo está deixando a cidade um caos, toda destruída. Mas o gestor também tem que dar um suporte antes de sair, não pode deixar como está, a Deus dará. Está andando, tudo bem, mas de modo muito bagunçado. O gestor tem que entrar com uma contrapartida, e juntos fazerem o melhor.

MN – Então o senhor começaria a consertar Maragogi pela infraestrutura?

FIO – Lógico. Porque a infraestrutura é uma cadeia que abrange bastante coisa. A infraestrutura sustenta o turismo. Se a gente tem uma cidade bem estruturada, o turista vai ficar, vai tirar foto, postar coisas bonitas, você acaba passando uma imagem positiva da cidade para o Brasil e para o mundo. Além de diminuir a quantidade de crianças doentes, com virose, que lota a UPA. Criança não tem noção e brinca no esgoto, na lama, não sabe o que tem ali. E doença significa despesas para os cofres públicos. Se evitamos, sobra dinheiro.

MN – Por onde continuaria e por onde terminaria?

FIO – Eu não penso em empurrar nada com a barriga. Mas os primeiros passos seriam as questões que já relatei. Além do problema da água. Essa situação está ridícula, um botando a culpa no outro, e ninguém diz quem pegou o dinheiro. E o dinheiro foi entregue. Mas ninguém revela onde foi aplicado. E faltando água. Transparência zero.

MN – O senhor já chegou a traçar algum programa de governo?

FIO – Não temos ainda nada no papel, nada ainda projetado. Não temos. Isso tudo que estou falando aqui são sonhos meus, porque eu acho que inicialmente o homem tem que sonhar. E em cima disso, dos seus sonhos, realizar. Ter um coração bom. Para a gente promover a paz e a desigualdade, eu acho que isso é o principal de tudo, ser um humano bom. Tem gente que projeta muito, tem mil projetos, e não realiza nenhum. Eu vejo aqui, na nossa infraestrutura, existem mil projetos. Todo mundo diz que já fez serviços de infraestrutura em Maragogi, todos que passaram, gastaram tanto dinheiro, e nada feito. Então acho que a gente tem que sonhar e realizar, não botar no papel e deixar para lá.

MN – De 0 a 10, qual sua nota para a atual gestão?  

FIO – Dou nota 6 para eles. Dou essa nota. Não é que mereça ou não mereça. É que a gente avalia pela gestão anterior, que era zero. Então o outro, o próximo é julgado por isso. Então essa nota é por conta da outra gestão. A situação é essa: se a gente bota duas bandas, e uma canta bem e a outra canta mal, aquela que cantou mal, deu credibilidade à outra, para que ela fosse a melhor. A gestão passada ajudou essa a ganhar mais notoriedade do que merece.

MN – O senhor é empresário do setor turístico. Como anda o nosso turismo? O senhor está satisfeito com o fluxo de turistas no nosso município? 

FIO – Não. Nosso turismo está péssimo. Maragogi está péssimo, principalmente na área em que atuo, que é o aquaviário. Está uma negação. Uma desorganização total, generalizada. E quem sofre com isso somos nós, que estamos ali na água, no dia a dia. Perdemos o valor agregado, e muito. Está hoje sem viabilidade, e eu não sei o que vai acontecer se continuar desse jeito.

MN – O que aconteceu para se chegar a essa desorganização?

FIO – O excesso de permissões. Emitiram muitas permissões, cada dia mais e mais e mais…  Hoje temos muita oferta e pouca procura.

MN – O carro-chefe da arrecadação de Maragogi certamente é o turismo. Por que o governo não investe então na infraestrutura do município, com o objetivo de fazer com que o turista fique na cidade, e até vá embora com boa impressão?

FIO – Essa pergunta é difícil de responder, porque não cheguei lá ainda, mas se Deus quiser vou chegar. As pautas sobre a questão do turismo são poucas, quase não chega projeto nenhum do setor à Câmara. Quase projeto nenhum. Lá chegam projetos para os professores, para os funcionários em geral. Mas da área turística, e essa questão do saneamento – até onde eu sei –, não passou nada pela Câmera. Foi feita diretamente essa concessão, não sabemos como foi feita essa venda, então eu não posso responder uma coisa que fica fora da minha alçada, não tive nenhum conhecimento sobre isso. Só acho que tinha que ser investido no turismo, mas parece que não convém ao gestor. Ele não quer, não tem essa pretensão. Final de mandato também, né? A gente vem de uma crise que foi a Covid-19, que houve a pandemia, e ficamos sempre sonhando que vai melhorar no mês que vem, e até hoje estamos assim. O gestor pensou que liberando bastantes permissões, ia alavancar o turismo, e foi pior, porque hoje tem gente de tudo quanto é canto explorando nosso turismo. Tocantins, Recife, Caruaru, Toritama, Santa Cruz. Dizem que até o Carlinhos Bala, o jogador, tem três ou quatro alvarás. Isso desmantelou tudo. Está tudo descoordenado. Nossos escuneiros estão aí, não sai uma escuna. Ninguém vai deixar de andar de lancha, por 40, 30 reais, para andar de escuna a 50 reais. A lancha é rápida, dá duas, três viagens; a escuna só dá uma. Sem falar que lancha é ostentação.

MN – Na bolsa de apostas do vereador Fio, quem será o candidato indicado pelo gestor para tentar ser seu sucessor?

FIO – Acho que é o Ênio. Está na cara que é o Ênio. É minha opinião. Porque a família Cavalcante sempre demonstrou muita lealdade ao atual gestor. O cara é o chefe de gabinete, hoje a gente vê essa cena se repetir em todos os municípios: o chefe de gabinete sempre é o cara de confiança dos prefeitos, que está ali para ser tudo seu. Eu acho que ele indicando outra pessoa, seria até suicídio para ele. E política é uma loteria, né? Além do mais, se der alguma coisa errada no futuro político, pelo menos o Ênio foi um cara que sempre se dedicou a vida inteira a ele, prefeito. Ele (prefeito) vai estar retribuindo ao que o Ênio, a família Cavalcante, fez.

MN – O pagamento em dia é uma obrigação ou um fato para ser amplamente divulgado como se fosse a maior qualidade, senão a única, de um governo? 

FIO – Salário em dia não é motivo de virar manchete, não, de estar fazendo matéria, se autopromovendo. Até porque quem paga não é ele, quem paga é o governo federal, que manda o dinheiro. Vai pagar a quem trabalhou. Ele pode se orgulhar de falar isso: eu pago meu funcionário em dia – quando for funcionário dele, de alguma empresa que ele tiver, aí ele pode se vangloriar. Mas quando se trata de prefeitura, vem verba federal para pagar a todo funcionário. E Maragogi não é uma exceção. Hoje se fala muito isso porque a gente tinha exatamente uma gestão que não pagava nem o povo. Vinha o dinheiro para pagar e ele levava, botava no bolso, aí o cara que tá aí hoje fica falando que paga em dia, que está compromissado com o povo. Exatamente porque teve essa deficiência, essa mazela, do gestor passado, que tinha esse hábito, esse vício. Era o vampiro do salário do povo, do dinheiro público. Levava. Aí o cara fica se promovendo hoje com o passado triste da nossa cidade, do nosso povo.

MN – Quais figuras públicas políticas conhecidas com as quais o senhor mais se identifica? Nacional, estadual ou municipal. 

FIO – Eu tenho vários. São vários. Um cara que eu sempre admirei muito, hoje um pouco menos, foi o Luiz Inácio, o Lula. Sempre admirei muito. Hoje, diante do que a gente está passando, por uma crise, política e governamental, estou um pouco desacreditado dele. Mas foi um político que sempre admirei, sempre votei. Não tenho nada a esconder, não critico também o outro lá, que é chamado de mito, o Bolsonaro. Mas acho que o grande mito é o Lula. Praticamente cinco eleições de presidente do país, contando com a da Dilma. Um cara desses pode ter os defeitos dele, os problemas dele, mas o cara que é político tem que tirar o chapéu para ele, seja ele quem for. Lula é um dos maiores líderes do mundo e o maior da América Latina. O cara no primeiro mandato foi duas vezes eleito, depois elegeu a Dilma, e agora, digamos, é a sua quinta vez na história. Lula é um político de respeito. O cara foi exilado, foi preso, fez parte dos movimentos socialistas, sindicalistas, é um cara que a gente tem que admirar, o que não vota ou o que vota, tem que admirá-lo, queira ou não. O cara que entende de política, né? Lógico que cada um tem a sua própria opinião, mas ele é um líder.

MN – Considerando que, em geral, empresas não fazem ‘doações’ e sim investimentos, o fato de o senhor ter recursos para financiar sua própria campanha o deixa mais livre para administrar. Quais os riscos para o município de ter um gestor endividado e comprometido com empresários?

FIO – O risco que a gente tem no município é muito perigoso, tendo em vista que vimos de uma gestão anterior atolada, os grandes capitalistas emprestando dinheiro a juros absurdos, e esse cara que quis se perpetuar no poder, que hoje quer voltar a todo custo, não hesitava em negociar valores de juros para chegar ao poder. E a gente teve o desgaste que teve, doze anos de salário atrasado, deboche da cara do povo. Campanha financiada por empresários deixa o município refém dos investidores, que são os chamados agiotas, os grandes vampiros de Alagoas, que suga, que sugou por muitos anos, o dinheiro da nossa sociedade, do nosso povo carente, que hoje está aí sofrendo, vivendo da misericórdia de Deus, praticamente. Política se faz com o que se tem nas mãos. Como o meu sogro diz, política se faz igual feira de pobre, faz com o que tem: um pouquinho daqui, um pouquinho dali, é gastando o chinelo, falando com o povo, vendo a necessidade do povo, pedindo uma oportunidade, não empenhando a vida, fortunas e fortunas. Um gestor municipal é responsável pelo bem-estar de milhares de vidas humanas. Posso garantir que isso jamais vai acontecer comigo, de maneira nenhuma. Não quero isso para mim. Adotar essa atitude significa sacrificar os munícipes. E eu não quero ninguém batendo na minha porta gritando: ou paga ou leva seu carro, ou assina aqui o documento da casa. De forma alguma.

MN – Como será o Fio Prefeito?

FIO – Olha, com certeza se eu for prefeito, vai ter dignidade para o povo, vai ter creche para o filho da arrumadeira, da camareira, do cortador de cana, do varredor de rua, vai ter comida para esse povo, autoestima, vai ter rua pavimentada, vai ter uma cidade linda e maravilhosa, que é o que nós merecemos, para meus filhos e para os de todos os cidadãos maragogienses, para os meus netos, que se Deus quiser, daqui uns dias seremos avós. Vamos ter uma cidade digna para se viver. É isso que eu pretendo, chegando lá esse é meu compromisso com o povo.

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