Artesanato em cerâmica de Capela é referência em Alagoas e se destaca em nível internacional

No município distante 62 km de Maceió, destacam-se dois grandes artistas: o mestre João das Alagoas e a badalada Sil, querida por galeristas de todo o Brasil

Em Alagoas, há cidades com potencial turístico que merecem ser visitadas. Cada uma delas apresentam características próprias e reservam agradáveis surpresas, como é o caso de Capela, distante 62 km de Maceió. Essa cidade da Zona da Mata, com uma população estimada de 34.514 habitantes (IBGE/ 2020), destaca-se por seu artesanato em cerâmica, conhecido até no exterior, graças aos esmerados trabalhos dos artesãos João Carlos da Silva Freitas,  cognominado João das Alagoas, e de sua discípula  Maria Luciene da Silva Siqueira, mais conhecida como Sil  da Capela,  ex-cortadora de cana.

Esses dois conceituados artesãos, com suas mãos hábeis, cada qual com técnica singular, produzem bonitas peças de cerâmica que, aliás, ganharam o mundo. Por exemplo, João das Alagoas, que em 2011 recebeu o título de Patrimônio Vivo do Estado de Alagoas, é mestre no modelar de lapinhas e na religiosidade de seu povo, bem como nas histórias do folclore nordestino, como o bumba-meu-boi; dos casamentos, dos batizados e das mais típicas brincadeiras de rua das crianças brasileiras. É, atualmente, um dos maiores artesãos brasileiros.

Em seu currículo, João das Alagoas contabiliza vários prêmios de melhor artesão, menção honrosa em Córdoba, Argentina. Suas obras integram  importantes coleções de arte popular em museus e galerias de capitais como Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. No seu ateliê, em Capela, reformado pelo governo do Estado, como parte do programa “Alagoas feita à Mão”, João das Alagoas, além de produzir peças de cerâmica, dá aulas para interessados em aprender a arte da cerâmica.

Sil da Capela, por sua vez, é sem dúvida uma das mais expressivas artistas populares do Brasil e já teve seu trabalho exposto no Museu Afro, em São Paulo. A artesã tem um bom número de clientes que são galeristas de todo o Brasil, e suas esculturas já foram para o México, Estados Unidos, Espanha e França.

Nascida no vizinho município de Cajueiro, Sil trabalhou muitos anos nos canaviais da Zona da Mata, como cortadora de cana, mas foi adotada pela cidade de Capela aos 16 anos, onde nasceu a sua primeira filha, Cristina, diagnosticada com autismo. Foi quando, em busca de novas oportunidades, Sil participou de uma oficina para mães com filhos especiais, ministrada pelo ceramista João das Alagoas. Daquele dia em diante sua vida começou a mudar e ela se transformou numa talentosa artesã reconhecida internacionalmente através de suas obras.

Ivaldo Pinto / Alagoas Boreal

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