Conheça o jovem violinista caruaruense Filipe Lima

O jovem violinista Filipe Lima. (Foto: arquivo pessoal)

Filipe Lima tem só 20 anos de idade e começou a tocar violino com 10 anos, através de um projeto social no município de Riacho das Almas, em Pernambuco. Foi lá onde teve seu primeiro contato com o instrumento. “Comprei meu primeiro violino juntando algaroba, uma espécie de bagem, tipo uma ração para dar aos animais de fazenda”, revela Filipe.

Ele se acordava antes das 5h da manhã, pegava um saco e começava a juntar, a fim de comprar o primeiro e tão sonhado violino. “Juntava um saco durante o dia, e vendia pelo valor de R$ 6,00 (o saco cheio)”, continua o jovem. “E também tirava ‘pelo’ de confecção, a cinco centavos por peça. Todo dia eu juntava, em média, R$ 10,00.” Tudo isso para conseguir comprar o primeiro e tão sonhado violino, que conseguiu depois de, ele contou, 43 dias. “Fui até a loja, que ficava em outra cidade, e comprei.”

De lá pra cá, até antes da quarentena, Filipe sabia em torno de cinco músicas, e na sua formatura, decidiu entrar tocando em homenagem à sua família, que não pôde estar presente. O irmão enfrentava um câncer nas células sanguíneas, fazia quimioterapia e radioterapia, na mesma semana que o avô faleceu, o seu pai, devido a esses problemas, sofreu um infarto, precisou fazer uma cirurgia imediatamente. Foram três pontes de safena e uma mamária.

“No dia da minha formatura, quando subir no palco para tocar, no meio da música praticamente, meu violino se rachou ao meio, por causa da umidade do meu quarto, talvez”, relata o jovem. “Só sei que foi horrível, quase perdi meu pai, meu irmão, perdi meu avô, e fiquei sem violino…”

Logo depois, veio a quarentena. E Filipe, aos 18 anos, louco para trabalhar, com o intuito de conseguir comprar outro violino. Mas não conseguia emprego devido à Covid. Foi quando surgiu a ideia de usar esse tempo para estudar ainda mais sobre o instrumento. Foi então que criou um grupo no WhatsApp com alguns amigos que também tocavam, e começou a entrar em contato com os melhores professores de todo o Brasil.

“De dez professores com quem falei, apenas dois toparam participar e dar uma aula para incentivar. Para minha surpresa, não imaginava que meu esforço e talento iriam ser tão produtivos. Professores meus do Ensino Médio viram o meu esforço em estudar música na quarentena, com meu violino ruim todo colado, se juntaram e compraram um intermediário, um Eagle VE 441, um excelente violino. Sou grato até hoje, porque foi através desse ato que passei a me interessar ainda mais. Lembro que por dia eu tocava de 6h a 8h sem parar. A quarentena me ajudou muito a evoluir”, conclui o violinista.

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