Maragogi: Bispo faz sermão visceral na Missa de Santo Antônio

Bispo emérito do Ordinariado Militar do Brasil Dom Francisco Falcão. Foto: Ascom da Igreja Católica de Maragogi

Esteve presente na igreja matriz de Maragogi, na última terça-feira (13), dia de Santo Antônio, padroeiro do município, o bispo emérito do Ordinariado Militar do Brasil Dom Francisco Falcão. Alagoano de Paulo Jacinto, mora atualmente em Brasília. Ele presidiu a missa matutina ao lado de outros religiosos. E fez um sermão vertiginoso. A missa foi transmitida pelo canal da igreja no YouTube. Gravada, permanece no canal.

No início da pregação, o bispo diz: “Escutamos no Evangelho de hoje, Jesus nos chama de luz e de sal. Esse gênero literário se chama alegoria, diferente de parábola.” As lúcidas palavras do religioso foram extraídas de uma espécie de parábola do sal. “É preciso que o sal tenha essas três vertentes: dar sabor, preservar, e conservar. Vamos agora à conservação. Apocalipse 3, versículo 11: Venho em breve. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. Tu recebeste uma formação cristã dos teus pais? Conserva esta formação. Aqueles valores são por toda a vida. Não abdica deles. Não troca esse valores por valores contra o Evangelho, os contra valores. Não seja maleável em se tratando de princípios, que são embarganháveis, que são intangíveis.”

O ápice do sermão é quando esse major da reserva da Polícia Militar de Alagoas disseca sobre honestidade. “Eu não posso assinar uma coisa que não é verdadeira. Eu não posso entrar num esquema que pode facilitar talvez minha vida financeira, mas me comprometer mais para frente, se houver uma auditoria, se houver uma investigação da polícia civil, da polícia militar, da polícia federal. O conservado dorme com a consciência tranquila, porque os valores recebidos dos pais são reiterados e insistidos. Não quero isso, não assino isso, não participo disso, não me dobro diante disso. Cuidado aqueles que estão sujeitos à autoridade acima de si, cuidado com essa expressão manda quem pode, obedece quem tem juízo.”

O religioso pede para ter cuidado com essa frase, que é verdadeira, mas é perigosa. “Se você não entende a diferença entre preservação e conservação, manda quem pode, é verdade. Mas a autoridade que manda tem os seus limites, e ela não pode mandar tudo. E obedece quem tem juízo, é verdade, mas o juízo primeiro vai analisar se a ordem, não importa de quem veio, é plausível, é legítima, e, portanto, só nesse sentido, se é possível, se é plausível, se aquele que ordena, ordena dentro dos ditames da sua jurisdição, sem abusar do poder. Aí, sim, obedece quem tem juízo.”

E não para por aí. “Discirnam, até dentro da igreja, até do bispo, até do padre Antônio Júnior, de quem quer que seja. A ordem, se for para pecar, não obriga; se for para fazer aquilo que não é do âmbito dele. Um padre que se vale de sua posição para pedir voto para quem quer que seja… Vá tomar banho em Maragogi, padre! Isso não é da sua alçada! O seu papel é de pastor! Não é de militante político! Não, mas manda quem pode, obedece quem tem juízo. O senhor não pode fazer isso! E eu tenho juízo, não vou obedecer ao senhor, procure o seu lugar.”

“Quando a própria autoridade excede sua competência, vai para além do âmbito da sua jurisdição, e quem reage dessa forma, educada, alagoana, sabe muito bem, que eu me preservo dessa autoridade, que está se excedendo, e quer me colocar na curriola dele. Não posso obedecer de forma alguma. Eu conservo meus princípios, e sei perfeitamente o âmbito em que devo obedecer, mas também a autoridade que está regulada. Acima de si tem uma lei, se não é a dos homens, apenas, é a lei de Deus, no caso dos cristãos, e é a lei de Deus que prevalece.”

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