Na tarde da última quinta-feira (30), uma poda drástica realizada em uma árvore na orla marítima de Maragogi, Litoral Norte de Alagoas, causou revolta nos moradores da cidade, que enviaram diversos vídeos e fotos à nossa redação denunciando o caso. A árvore que foi totalmente desgalhada é da espécie castanhola e conhecida por ser histórica no município.
A partir daí, começaram a surgir outras reivindicações de que o problema está sendo recorrente nas últimas semanas em Maragogi, não se limitando apenas a poda realizada especificamente nessa árvore. Mas sim, em outras plantações espalhadas nos distritos e mediações do centro da cidade, inclusive na própria orla.
Em relação ao pé da castanhola, o que deixou os maragogienses revoltados foi o que teria motivado a debandada de uma planta tão antiga naquele local. Além disso, os munícipes questionaram se o Instituto do Meio Ambiente (IMA), órgão responsável pela preservação e vigilância ambiental, teria autorizado a retirada dos galhos em larga escala dali.
O professor de Agroecologia pelo Instituto Federal de Alagoas (IFAL) Campus Maragogi, Oscar Mariano Hafle, classificou a poda como desnecessária e feita de modo drástico. “Podem até ter matado a árvore, e os galhos correm o risco de não voltarem a crescer”, disse. Oscar acentuou que observará de perto a árvore para fazer uma análise mais contundente.
Sob tom de tristeza, um nativo, que preferiu manter seu nome em sigilo, declarou que há muitos anos sabe-se que Maragogi é uma cidade sem sombras de árvores ou quase nenhuma. “Como filho da terra, fico indignado com situações que agravam o problema. Prefere-se cortar uma linda e frondosa castanhola, a corrigir a posição do muro. Triste!”, lamentou o homem.
O professor de Geografia e pós-graduado em Educação Ambiental, Adriano Calaça, também se posicionou sobre o caso. “Como pós-graduado em Educação Ambiental e conhecedor do Direito, afirmo categoricamente que não houve uma poda, mas sim, um crime ambiental, haja vista que houve árvores totalmente destruídas, e cortes acima do limite permitido, que é de 30%. Órgão ambiental nenhum iria permitir essa situação, e observem que essa não é a primeira vez que ocorre em Maragogi”, pontuou Adriano.
O professor ainda falou sobre a importância de plantar árvores e não cortá-las. “Em tempos de desenvolvimento sustentável, temos que fazer políticas de arborização e não de destruição daquelas que fornecem sombras, filtram as impurezas do ar, baixam a temperatura etc. O que chama a atenção foi que o município multou a Equatorial recentemente (com razão) e agora praticam o mesmo crime. Muito contraditório”, finalizou Calaça.
A árvore em questão foi “podada” por funcionários da Secretaria de Infraestrutura de Maragogi. Entramos em contato com o titular da pasta, Brummel Falcão, mas não obtivemos resposta até o momento.
