Após a emoção marcar presença na reunião desta segunda-feira (18) na CPI da Pandemia no Senado Federal. Parentes de vítimas da covid-19 relataram suas duras experiências, gerando o clima triste e levando os presentes, em diversos momentos, às lágrimas.
Mas o que chamou atenção foi o pronunciamento do taxista Márcio Antônio Silva, que criticou o que chamou de “deboche” do atual presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro (Sem partido), sobre a doença.
Segundo Marcio “merecíamos um pedido de desculpa da maior autoridade do país. Porque não é questão política – se é de um partido, se é de outro. Nós estamos falando de vidas de pessoas. Cada depoimento aqui, eu acho que, em cada depoimento, um sentiu o depoimento do outro e acrescentou o que o outro tinha para falar, entendeu? Então, a nossa dor não é mimimi, nós não somos palhaços, entendeu? É real, sabe?”, afirmou Silva, visivelmente abalado.
Ainda em lagrimas o taxista afirmou “O último momento que eu tive com o meu filho, que eu fui reconhecer, ele estava dentro de um saco. Eu tive que orar bastante, pedir a Deus para conseguir ir lá e reconhecer o meu filho, porque, como pai, era a última coisa que eu tinha que fazer por ele. Eu não pude dar um abraço no meu filho, eu não pude dar o último beijo. Eu cheguei a levar uma roupa para vesti-lo. Não consegui fazer nenhum ato simbólico, e um dos atos simbólicos: eu tive que ficar parado três horas, na porta do cemitério, ou quatro, olhando um carro, sabendo que o meu filho estava ali dentro, para ser enterrado”.
Márcio Antônio perdeu seu filho, Hugo Dutra do Nascimento, em abril de 2020 em decorrência da doença e hoje essa é a realidade de cerca de 603.324 famílias que já perderam seus entes queridos para a Covid-19.
O relator Renan Calheiros (MDB-AL) deve propor a responsabilização de Bolsonaro por pelo menos 11 crimes. O parecer deve ser votado na próxima terça-feira (26).
Jornal de Alagoas
