Sim, teremos aeroporto – e mais turistas. Mas, e a estrutura da cidade?

Começaram as obras do tão esperado aeroporto de Maragogi. Que bom! Mais desenvolvimento para o município. E já que a maior do Caribe Brasileiro é o turismo, teremos mais visitantes e, consequentemente, mais emprego, mais renda para os munícipes. No final, a economia sai fortalecida, o setor público alardeia e os empresários comemoram.

Mas a pergunta é: Maragogi está preparado, tem estrutura para receber tantos turistas? O que está sendo feito a curto ou a longo prazo para melhorar internamente o turismo? O que está sendo feito para acomodar bem o turista? Para que o turista não se iluda com o colorido das fotos e não saia xingando aos quatro cantos, como acontece com assiduidade? O que está sendo feito para não tornar a vida do nativo um inferno? Parece que é uma pergunta que nenhum setor do ramo se faz. Parece que há uma preocupação zero em relação a isso.

O importante é termos turistas e lucrar. E ponto final.

Questionemos pois um problema que já vem se arrastando há alguns anos e se tornou gritante nos últimos meses: o trânsito da cidade. O exemplo mais perfeito para provar que Maragogi não tem estrutura para receber tanta gente. Por mais que se multe ou se eduque o motorista, não vão acabar com o caos enquanto não tratarem do problema na raiz. O que está sendo feito ou o que se pretende fazer para desafogar o trânsito? Para tirar os carros dos turistas das ruas, da avenida, das praças, porque as pousadas não oferecem estacionamentos?

E tem os ciclistas. Para ser esse polo turístico que tanto vangloriam, já devia ter uma ciclovia. Cadê? Projeto tem demais. Mas, cadê na prática?

Ah, e tem os pedestres. Sim, esses pobres seres mortais que não têm carro e são obrigados (diferente das autoridades que administram o município) a caminhar pelas calçadas. E alguma autoridade já desceu do carro e reparou nas nossas calçadas? Alguém está preocupado com os velhinhos que têm que sair de casa para ir ao banco, por exemplo? Por onde ir? Ah, chama um uber, dirão os cínicos. Cinismo e crueldade caminham ali, lado a lado.

Muita maquiagem é feita em Maragogi. Mas maquiagem derrete. E a realidade sempre aparece.

Muita foto bonita é clicada para vender um produto que não existe.

Enquanto isso, o nativo está sendo, pouco a pouco, sufocado na sua própria cidade. Turista vem e vai embora – com a obrigação de ser bem, muito bem recebido. Os moradores, não: convivem diariamente com a realidade da cidade. E estão sendo violentamente atingidos pela ausência de políticas públicas / administrativas por gestores, que, encerrados seus mandatos, eletivos ou administrativos, voltam para seus lugares – mais ricos, nos deixando, mais pobres, com os problemas de sempre (ainda mais agravados). Turista reclama, porque paga caro e quer ter produto de qualidade. Mas quem sofre de verdade são os moradores.

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